quinta-feira, 29 de março de 2012

Aprender com tato

Aprender com tato


Percepção pelo Tato

     Estes últimos meses, estou revisando a literatura na área de ergonomia dos produtos para sustentar o estudo de tecnologias, inclusive a “assistiva” que tem o princípio de dar apoio às pessoas com alguma limitação para executar alguma tarefa. Dentre as leituras, encontrei sobre a percepção humana e a revista RBTV, em especial o artigo acerca de desenho em relêvo para pessoas com deficiência visual (DV) e as barreiras atitudinais, que por sua vez, lembrei do pósfacio do livro de teatro do prof. Jupiassu. 

Assim, divido com vocês, tópicos que concernem a importância do tato para a pessoa com deficiência visual firmar um conceito, ou formar uma concepção de imagem no seu interior, de forma mais próxima do real. Na sequência explano sobre a barreira atitudinal e percepção humana. Ao final, deixo o trecho do comentário da peça “Coroa de Tebas”, onde uma jovem cega foi integrante na encenação do teatro.

Conquanto, a boa proposta da educação inclusiva, insisto na necessidade de estimular as habilidades táteis desde a infância para crianças com cegueira congênita, ou seja, coloca-se o alerta de quão é importante a pessoa DV congênita começar a explorar os materiais diversificados desde educação infantil (madeira, plástico, metal, tecido, linha, água …). 
Não basta a educação básica ficar na teoria levando os conceitos somente pelas palavras faladas, ou anotadas em Braille ou por meio digital. É preciso ter práticas de contato físico nos materiais de física, química, matemática …, na natureza, na arte etc, por meio de tato, olfato, paladar, audição …., buscando a multidisciplinaridade que inicie na educação infantil, e estenda até a graduação.

Complemento com o argumento do prof. Francisco Lima faz no seu artigo que ”reside no fato de os cegos congênitos totais não estarem acostumados com as convenções da linguagem pictórica, e não porque o sistema háptico seja incapaz de reconhecer desenhos em relevo”. A este fato, ao jovem que teve um aprendizado integrado com contato ao meio ambiente, poderá ter uma compreensão maior do mundo que está a sua volta e também, muitas das barreiras atitudinais estarão eliminadas.


O que são barreiras? No paradigma da inclusão encontram-se barreiras de discriminação, arquitetônicas, atitudinais e outras. Assim, coloco a abordagem da barreira atitudinal, por Francisco Lima, para pessoa com deficiência, onde é definido e distinguido taxonomicamente como:

1. Barreira Atitudinal de Baixa Expectativa: A barreira atitudinal de baixa expectativa é o juízo antecipado e sem fundamento (conhecimento ou experiência) de que a pessoa com deficiência é incapaz de fazer algo, de atingir uma meta etc;

2. Barreira Atitudinal de Inferiorização: A barreira atitudinal de inferiorização é uma atitude constituída por meio da comparação pejorativa que se faz do resultado das ações das pessoas com deficiência em relação a outros indivíduos sem deficiência, sob a justificativa de que o que foi alcançado pelos primeiros é inferior, exclusivamente em razão da deficiência;

3. Barreira Atitudinal de Menos Valia: A barreira atitudinal de menos valia consiste na avaliação depreciativa das potencialidades, ações e produções das pessoas com deficiência. Esta avaliação é incitada pela crença de que a pessoa com deficiência é incapaz ou que o que conseguiu alcançar, o que produziu tem menos valor do que efetivamente lhe é devido.

Quanto a percepção humana, de acordo com Cybis et al.,  é delimitada por um conjunto de estruturas e tratamentos cognitivos pelos quais organizam e dão significado às sensações produzidas por seu órgãos perceptivos a partir dos eventos que lhes estimulam, os quais podem ser classificados em 3 processos distintos:

1. Processos neurofisiológicos ou de detecção: têm por objetivo reagir à existência de um estímulo que gere uma sensação;

2. Processos perceptivos ou de discriminação: visam organizar e classificar as sensações, de forma que só é possível se houver detecção anterior ou exista classificação memorizada;

3. Processos cognitivos ou de interpretação: visam dar significado às informações. Esta função só é possível se existirem conhecimentos e se houver informação sobre as condições de contexto no qual a percepção é realizada.
Portanto, os processos perceptivos se especializam nos diferentes sistemas autônomos que formam a percepção humana, os quais envolvem os sistemas visual e auditivo, incluindo a percepção da fala.

Para reflexão, deixo aqui o trecho do livro do Prof. Jupiassu, referente uma peça de teatro, onde, no final do livro, encontra-se este comentário sobre a atriz cega, integrante da peça de teatro:
“Entre os objetos de cena, havia um arco e flecha (adereço do ator que representava o deus Apolo). Na ocasião da apresentação daquele objetos ao grupo, Joselita nos revelou jamais ter tocado em um arco e flecha, embora já tivesse ouvido falar dele. Sua expressão facial foi de total encantamento ao poder “vê-lo” com as mãose de, pela primeira vez, tocá-lo, aprendendo como aquele instrumento poderia ser usado para atingir um alvo distante do atirador. [...] Embora Joselita demonstrasse ser letrada em Braille, podendo ler e escrever fluentemente – o que sugeria uma competente intervenção pedagógica, ela revelava uma experiência sensorial muito limitada, desconhecendo objetos simples, encontrados no cotidiano.”

Nexte contexto, ao final, eu, Lumiy, deixo um ponto relevante para a Teoria de Conhecimento, cuja essência, verifica-se que a percepção humana é gerada pela experiência que passa por processo cognitivo para captar o conhecimento da experiência, que por sua vez, é complexo para expressar, pois é tácito e físico para o indivíduo, e subjetivo entre as pessoas. Ou seja, a zona proximal (Vigotski ¹) é alcançada diferentemente, conforme o indivíduo, mediação utilizada e o mediador (Okumura, M.L.M.). (Apronfundarei nos próximos posts acerca da Teoria de Conhecimento).
Referência:

JUPIASSU, Ricardo. “Coroa de Tebas”.Campinas, SP: Papirus,  2002.

LIMA, Francisco. “Breve revisão no campo de pesquisa sobre a capacidade de a pessoa com deficiência visual reconhecer desenhos hapticamente”. Revista Brasileira de Tradução Visual, Vol. 6, No 6 (2011). Disponível:http://www.rbtv.associadosdainclusao.com.br/index.php/principal/article/view/82

CYBIS, W.;BETIOL, A.; FAUST, R. ”Fundamentos da Psicologia Cognitiva” -apêndice. In: Ergonomia e Usabilidade. SP:Novatec,2007.

(¹) – encontrado o nome do autor, “Выготский“, escrito: “Vygostsky”, “Vigotsky”, “Vygotski ” e ”Vigotski”; padronizado para este texto “Vigotski”, conforme argumento do Prof.Achilles Delari Jr.

SEMANA NACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA - TEMA 2012

Tema Base: Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla - 2012

"Em busca da Igualdade. Estamos aqui".

Com uma importante reflexão a respeito de que as pessoas com deficiência almejam e como precisamos criar passagens para que possam se expressar, o tema foi decidido na primeira reunião da diretoria da FENAPAES.
O tema de 2012 foi sugerido pela Sra. Ana Claudia, presidente da Federação das APAES do Estado de Rondônia, e teve a adesão do conselho de administração da FENAPAES.
 





APAE DE NOVA AURORA – PR. 


 










quinta-feira, 22 de março de 2012

Síndrome de Down - 21 março

Síndrome de Down

Dia 21 de março – Dia Internacional da Síndrome de Down

Vera Lúcia Pereira de Souza*



O dia 21 de março é uma data muito importante: é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down.

O dia 21 de março foi indicado pela associação "Down Syndrome International" para ser o Dia Internacional da Síndrome de Down em referência à falha genética que a provoca. Todas as pessoas têm 23 pares de cromossomos. Quem apresenta Down tem três cromossomos no par de número 21 (daí o motivo da data 21/03).

A Síndrome de Down é uma ocorrência genética natural e universal. Isso quer dizer que a síndrome não é decorrência do ato ou da negligência de mães ou pais, como muitos falam. E nem é uma enfermidade. Ela é ocasionada por uma falha na separação das células durante a concepção do bebê (ainda embrião). Só para se ter uma ideia, de cada 700 bebês que vem ao mundo, UM tem Síndrome de Down. Assim, qualquer mulher, independente da raça ou camada social pode ter um bebê Down. Até presentemente, a ciência ainda não encontrou as causas que geram essa alteração genética, logo, não há como evitar esse acontecimento.

Tem uma grande alteração na capacidade intelectual e no progresso do desenvolvimento das crianças com síndrome de Down. O desenvolvimento motor destas crianças é mais lento. Enquanto as crianças sem síndrome costumam andar por volta dos 12 a 14 meses de idade, as crianças com síndrome de Down, geralmente, começam a caminhar com 15 a 36 meses. O desenvolvimento da linguagem, igualmente, é bastante atrasado.

É importante frisar que um ambiente amoroso e estimulante, intervenção precoce e empenhos associados à educação irão continuamente influenciar positivamente o desenvolvimento da criança com síndrome de Down.

Algumas pessoas com Síndrome de Down têm apresentado progressos impressionantes e rompido muitos obstáculos. Em todo o planeta, e igualmente aqui no Brasil, existem pessoas com síndrome de Down estudando, trabalhando, habitando sozinhas, se casando e chegando à universidade. A melhor forma de combater o preconceito é por meio do conhecimento e da inclusão social de TODAS as pessoas, na família, na escola, no mercado de trabalho e na sociedade.

*Psicopedagoga, pedagoga, especialista em Profissionalização da Pessoa com Deficiência Intelectual.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Vídeo: Síndrome de Down

Vídeo: Síndrome de Down
Fonte: http://youtu.be/cdmYvRlwQ0A

Fonte: http://youtu.be/cdmYvRlwQ0A 

Down: a única síndrome é a do preconceito!!!

Síndrome de Down - Mitos e Verdades

Síndrome de Down - Mitos e Verdades

As crianças com Down são mais boazinhas.Não é verdade. Muitas são incentivadas a sorrir e a abraçar de forma exagerada, e se encaixam no estereótipo.

Parecem mais sinceras.Sim. Costumam ter uma franqueza desconcertante para pessoas preocupadas com alguns códigos sociais. A censura é menor, porque são menos enquadradas.

A síndrome de Down é uma doença.Não. As pessoas que nascem com a trissomia 21 não são doentes, elas têm SD ou são Down.

Quem nasce com Down morre muito jovem.Não. Cardiopatias congênitas não diagnosticadas no passado, e que afetam um em cada três bebês Down, aliadas à baixa imunidade não tratada, provocavam a morte aos 15, 16 anos. Hoje, graças à medicina moderna e a atenção dos pais, 80% dos Down passam dos 35 anos, e muitos passam dos 50.

O Down é incapaz de andar, comer e se vestir sozinho?Não. Mas ainda há médicos que dizem isso para os pais na maternidade.

Relacionamentos de amizade, amor e sexo são possíveis?Sim, claro. Também sentem antipatia e ódio.

Têm uma sexualidade exacerbada.Não. Adolescentes Down gostam de sexo como qualquer adolescente. Mas, por serem mais reprimidos pela sociedade, tendem a falar mais sobre sexo, como forma de reagir à repressão e se impor.

Down é mais comum entre brancos?Não. A incidência é igual entre brancos, negros e asiáticos.

Homens e mulheres Down podem ter filhos?Mulheres costumam ter o aparelho reprodutor apto a ter filhos. Homens, até prova em contrário, são estéreis.

Todos os Down vão desenvolver o mal de Alzheimer?Não. Muitos apresentam sinais de demência a partir dos 40 anos, mas não é inevitável. Estudos sugerem que o índice de demência é igual ao do resto da população, mas acontece 20 ou 30 anos mais cedo.

Fonte: Zildo Borgonovi - Revista Época - edição 435

21 de março Dia Internacional da Síndrome de Down

SÍNDROME DE DOWN 

Síndrome de Down (SD) é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, por isso também conhecida como trissomia 21.

A SD foi descrita em 1866 por John Langdon Down. Esta alteração genética afeta o desenvolvimento do individuo, determinando algumas características físicas e cognitivas. A maioria das pessoas com SD apresenta a denominada trissomia 21 simples, isto significa que um cromossomo extra está presente em todas as células do organismo, devido a um erro na separação dos cromossomos 21 em uma das células dos pais. Este fenômeno é conhecido como disfunção cromossômica. Existem outras formas de SD como, por exemplo: mosaico, quando a trissomia está presente somente em algumas células, e por translocação, quando o cromossomo 21 está unido a outro cromossomo.

O diagnóstico da SD se realiza mediante o estudo cromossômico (cariótipo), através do qual se detecta a presença de um cromossomo 21 a mais. Este tipo de análise foi utilizado pela primeira vez em 1958 por Jerome Lejeune.

Não se conhece com precisão os mecanismos da disfunção que causa a SD, mas está demonstrado cientificamente que acontece igualmente em qualquer raça, sem nenhuma relação com o nível cultural, social, ambiental, econômico, etc. Há uma maior probabilidade da presença de SD em relação à idade materna, e isto é mais freqüente a partir dos 35 anos, quando os riscos de se gestar um bebê com SD aumenta de forma progressiva. Paradoxalmente, o nascimento de crianças com SD é mais freqüente entre mulheres com menos de 35 anos, isto se deve ao fato de que mulheres mais jovens geram mais filhos e também pela influência do diagnóstico pré natal,que é oferecido sistematicamente às mulheres com mais de 35 anos.

Como a SD é uma alteração cromossômica, é possível realizar um diagnóstico pré natal utilizando diversos exames clínicos como, por exemplo, a amniocentese (pulsão transabdominal do liquido amniótico entre as semanas 14 e 18 de gestação) ou a biópsia do vilo corial (coleta de um fragmento da placenta). Ambos os exames diagnosticam a SD e outras cromossopatias.

Recentemente a prática médica tem incorporado métodos para a determinação do risco de ter um filho com SD, como por exemplo, o exame bioquímico, que se realiza mediante a avaliação dos níveis de substâncias químicas no sangue materno alteradas no caso da SD. Este exame se realiza entre a semana 14 e 17. A ultrassonografia também pode colaborar para detectar a SD, através dos marcadores ecográficos, principalmente da prega nucal, que pode ser medida a partir da décima semana de gestação. Estas últimas intervenções não são consideradas diagnósticas, para isso é necessário realizar os exames mencionados em primeiro lugar.

Embora as alterações cromossômicas da SD sejam comuns a todas as pessoas, nem todas apresentam as mesmas características, nem os mesmos traços físicos, tampouco as malformações. A única característica comum a todas as pessoas é o déficit intelectual. Não existem graus de SD; a variação das características e personalidades entre uma pessoa e outra é a mesma que existe entre as pessoas que não tem SD.

Cerca de 50% das crianças com SD apresentam problemas cardíacos, algumas vezes graves, necessitando de cirurgia nos primeiros anos de vida.

A intervenção médica pode acontecer com a finalidade principal de prevenção dos problemas de saúde que podem aparecer com maior freqüência na SD. Queremos destacar que a SD não é uma doença e sim uma alteração genética, que pode gerar problemas médicos associados.

Devemos olhar a pessoas com SD em sua singularidade, para que possa ter um pleno desenvolvimento enquanto sujeito.

Fonte: Fundação Síndrome de Down

Site: http://www.fsdown.org.br/index.php 

Fonte: http://arivieiracet.blogspot.com.br/2012/03/sindrome-de-down.html

segunda-feira, 12 de março de 2012

Vídeo - Sustentabilidade Humana - por Deborah Prates - parte 3 (FINAL)

Vídeo - Sustentabilidade Humana - por Deborah Prates - parte 3 (FINAL)
O objetivo é fazer com que as pessoas reflitam sobre a palavra discriminação.

Fonte: http://youtu.be/J6kKYUOWvqs

domingo, 11 de março de 2012

Vídeo - Sustentabilidade Humana - por Deborah Prates - Parte 2

Vídeo - Sustentabilidade Humana - por Deborah Prates - Parte 2 
O objetivo é fazer com que as pessoas reflitam sobre a palavra discriminação.

Fonte: http://youtu.be/9bV1R6q6il0 


Vídeo - Uma simples Cegueira
Filme: "UMA SIMPLES CEGUEIRA" - Foi uma vitória ter o filme classificado no festival ASSIM VIVEMOS/ 2011. Cuida-se da maior mostra de filmes sobre deficiências.

Fonte: http://youtu.be/Oeyj9X73d0w

Vídeo - Deborah Prates: Primeira parte - Sustentabilidade humana

 Vídeo - Deborah Prates: Primeira parte - Sustentabilidade humana

O objetivo é fazer com que as pessoas reflitam sobre a palavra discriminação. 

Fonte: http://youtu.be/HgqbIrvZYx4

sexta-feira, 9 de março de 2012

Por dentro do cérebro - Dr Paulo Niemeyer Filho / Neurocirurgião

Por dentro do cérebro - Dr Paulo Niemeyer Filho / Neurocirurgião

Parte da entrevista da revista PODER, ao neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, abaixo, quando lhe foi perguntado:
 
PODER: O que fazer para melhorar o cérebro?

P. N. Você tem de tratar do espírito. Precisa estar feliz, de bem com a vida, fazer exercício. Se está deprimido, reclamando de tudo, com a autoestima baixa, a primeira coisa que acontece é a memória ir embora; 90% das queixas de falta de memória são por depressão, desencanto, desestímulo. Para o cérebro funcionar melhor, você tem de ter alegria. Acordar de manhã e ter desejo de fazer alguma coisa, ter prazer no que está fazendo e ter a autoestima no ponto.


PODER: Cabeça tem a ver com alma?

PN: Eu acredito que a alma está na cabeça. Quando um doente está com morte cerebral, você tem a impressão de que ele já está sem alma... Isso não dá para explicar, o coração está batendo, mas ele não está mais vivo. Isto comprova que os sentimentos se originam no cérebro e não no coração.
 
PODER: O que se pode fazer para se prevenir de doenças neurológicas?

PN: Todo adulto deve incluir no check-up uma investigação cerebral. Vou dar um exemplo: os aneurismas cerebrais têm uma mortalidade de 50% quando rompem, não importa o tratamento. Dos 50% que não morrem, 30% vão ter uma sequela grave: ficar sem falar ou ter uma paralisia. Só 20% ficam bem. Agora, se você encontra o aneurisma num checkup, antes dele sangrar, tem o risco do tratamento, que é de 2%, 3%. É uma doença muito grave, que pode ser prevenida com um check-up.
 
PODER: Você acha que a vida moderna atrapalha?

PN: Não, eu acho a vida moderna uma maravilha. A vida na Idade Média era um horror. As pessoas morriam de doenças que hoje são banais de ser tratadas. O sofrimento era muito maior. As pessoas morriam em casa com dor. Hoje existem remédios fortíssimos, ninguém mais tem dor.
 
PODER: Existe algum inimigo do bom funcionamento do cérebro?

PN: Todo exagero.
Na bebida, nas drogas, na comida, no mau humor, nas reclamações da vida, nos sonhos, na arrogância,etc.
O cérebro tem de ser bem tratado como o corpo. Uma coisa depende da outra.
É muito difícil um cérebro muito bom num corpo muito maltratado, e vice-versa.
 
PODER: Qual a evolução que você imagina para a neurocirurgia?
 

PN: Até agora a gente trata das deformidades que a doença causa, mas acho que vamos entrar numa fase de reparação do funcionamento cerebral, cirurgia genética, que serão cirurgias com introdução de cateter, colocação de partículas de nanotecnologia, em que você vai entrar na célula, com partículas que carregam dentro delas um remédio que vai matar aquela célula doente que te faz infeliz. Daqui a 50 anos ninguém mais vai precisar abrir a cabeça.
 
PODER: Você acha que nós somos a última geração que vai envelhecer?

PN: Acho que vamos morrer igual, mas vamos envelhecer menos. As pessoas irão bem até morrer. É isso que a gente espera. Ninguém quer a decadência da velhice. Se você puder ir bem mentalmente ,com saúde, e bom aspecto, até o dia da morte, será uma maravilha.
 
PODER: Hoje a gente lida com o tempo de uma forma completamente diferente. Você acha que isso muda o funcionamento cerebral das pessoas?

PN: O cérebro vai se adaptando aos estímulos que recebe, e às necessidades. Você vê pais reclamando que os filhos não saem da internet, mas eles têm de fazer isso porque o cérebro hoje vai funcionar nessa rapidez. Ele tem de entrar nesse clique, porque senão vai ficar para trás. Isso faz parte do mundo em que a gente vive e o cérebro vai correndo atrás, se adaptando.
 
PODER: Você acredita em Deus?

PN: Geralmente depois de dez horas de cirurgia, aquele estresse, aquela adrenalina toda, quando acabamos de operar, vai até a família e diz: 
"Ele está salvo".

Aí, a família olha pra você e diz:


"Graças a Deus!".

Então, a gente acredita que não fomos apenas nós, que existe algo mais independente de religião.
"Viver é a calentar  sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior.
É buscar  nas  pequenas coisas, um grande motivo para ser feliz!" (Mário Quintana)