REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO ESCOLAR
[1]Vera Lúcia
Pereira de Souza
Se a escola tem um papel
social, em que medida ela vem ou não, no transcorrer de sua história, simulando
as veemências e as necessidades da sociedade? Qual importância? Que sociedade?
Para quem a escola encontrar-se ou está voltada historicamente? Com qual
intencionalidade?
Essas e outras indagações (e
são inesgotáveis!) abarcam docentes diariamente em volta de respostas que
promulgam não exclusivamente a pretensão de abranger o significado da escola,
e, logo da educação, como do mesmo modo de expressar a sua persuasão social ou
política (suas aspirações e sua intencionalidade).
A escola está estabelecida de
forma cada vez mais presente em meio a um empenho de classes distintas com
obrigações distintas. Estas incoerências de classes promulgam as incoerências
sociais próprias da forma de organização econômica sob e no capitalismo. Isso
da a entender em proferir que a forma de organização social ajustada no acúmulo
dos bens, no domínio privado, na aquisição do lucro, na aquisição e venda da
forma de trabalho e consequentemente na reprodução das classes sociais,
determina e tem determinado de acordo com a história a definição da escola.
Isso ocorre não exclusivamente no campo da dualização da oferta da educação
(escola pública e privada) assim como na própria escola publica quando ela ao
mesmo tempo tem sido disputada por vários grupos e múltiplos interesses.
Logo, embora que desejamos
praticar um diagnóstico da escola por ela própria, isso seria uma alternativa
simples ou sonhadora. A escola é produto de determinantes sociais, econômicos,
políticos, culturais e, conseqüentemente, históricos, ela é a síntese de várias
deliberações.
A educação não é imparcial.
Ela tem uma intencionalidade e por conta disto adota uma dimensão política e
ideológica em função de veemências sociais historicamente organizadas. Isto
expressa proferir que escola desvenda um plano de educação que, por sua vez,
promulga uma concepção de sociedade.
A função social da escola é a
de promover o acesso aos conhecimentos socialmente produzidos pela humanidade a
fim de possibilitar ao educando condições de emancipação humana. “A função
essencial da escola publica consiste na socialização do saber sistematizado, indispensável
ao exercício da cidadania assim como na produção e sistematização de um novo
saber, nascido da prática social”. (PRAIS, M. L., 1990, P. 19-20). Tal função, [...] deveria garantir aos
indivíduos, pertencentes a uma determinada sociedade, uma base comum de
conhecimentos e habilidades, enquanto instrumental necessário à participação e
às transformações sociais. (PRAIS, M. L., 1990, P. 19-20)
Deste modo, a escola está para
modificar as semelhanças sociais e não para reproduzir circunstâncias. A escola
está para humanizar, proporcionar condições à emancipação e à participação, não
está para adequar as pessoas a situações de dominação.
Nesta definição, a escola está
voltada para ampliar todas as potencialidades humanas.
A
condição teórica mais importante é que o senso comum só poderá desenvolver em
pleno a sua positividade no interior de uma configuração cognitiva em
que tanto ele como as ciências modernas superem a si mesmos para dar lugar a
uma outra forma de conhecimento (SANTOS, 1989, p. 41).
Na
preparação do conhecimento escolar deve-se levar em conta a apresentação, a
desempenho e a contribuição dos sujeitos (educando e educador), de ajuste com
as experiências, as demandas sócio-econômico que vivenciam domínios de
informação, desenvolvimento psicológico, maturidade corporal e cerebral, dentre
outras, em que cada um se localiza. Esta é uma afinidade educacional onde
ambos, no encontro do conhecimento com a ciência espontânea, respectivamente e
hegemonicamente se apropriam de bens intelectuais, culturais e valores, desenvolvendo
uma nova compreensão de mundo.
Nessa
relação os conteúdos, são considerados os procedimentos didáticos, os objetivos
a serem estabelecidos de acordo com os resultados que se querem obter os
conhecimentos existentes e as novas denotações e valores existenciais e
cognitivos almejados. Acima de tudo é imprescindível entender o movimento
dialético estabelecido nas relações entre a realidade objetiva e as opiniões,
para se abranger todo o procedimento no quais esses sujeitos estão inseridos.
Nesse
movimento de ensino-aprendizagem são gestados conhecimentos escolares que, para
serem eficazes, necessitam proporcionar resultados novos e modificação na
atitude de pensar, sentir, fazer e agir, no pessoal e no profissional, em todos
os aspectos históricos, sociais, políticos, econômicos e culturais.
Deste
modo a informação escolar implica assimilação com um novo sentido que passa a
existir a partir da interferência do conhecimento científico sobre os
significados estabelecidos pelos conhecimentos. Sua apreensão está na
importância do conhecimento existencial e na fundamentação teórica presente nos
acontecimentos históricos, sociais e culturais. Nesta concepção a Escola deixa
de ser encarada como mera transmissora de conhecimentos produzidos nas
universidades e centros de pesquisas, para assumir uma nova feição de produtora
de conhecimentos inerentes ao seu contexto: o conhecimento escolar (LOPES, 1997).
A
educação escolar não deve perder de vista a sua funcionalidade educativa, a qual
está pautada à aprendizagem dos sujeitos humanos, considerando que na escola
está aprendizagem adota características próprias que deve abranger “o aluno,
isto é, o indivíduo numa situação específica de ensino-aprendizagem.” (ESTRELA,
1992, p. 15).
A
aprendizagem escolar se insere em uma metodologia com objetivos e com táticas
de ensino e avaliações exclusivas que dar a entender na participação propositada
dos sujeitos, educador e educando, e na preparação de saberes ligado ao homem,
à sociedade e à vida, que conduzem à formação de compreensão de mundo, oferecendo
sentido e determinando os nossos atos de maneira concreta e objetiva.
O
que é fundamental na educação escolar é que ela seja capaz de incorporar, em
seu processo pedagógico, o desenvolvimento de ações de conhecimento que leve o
indivíduo a, primeiro, conhecer o mundo; segundo, conhecer-se como sujeito
capaz de agir neste mundo e de transformá-lo (RODRIGUES, 1991, p.70).
O
ensino tem como função cooperar para que os homens sejam competentes de ter o
comando de seu próprio desenvolvimento. Carece cooperar para que cada sujeito
forje o seu destino em um procedimento de assimilações e partilhas recebendo os
feitos e os atos dos antepassados para progredir na construção histórica e
social de caráter a garantir a sua autonomia.
Deste
modo pode-se refletir em um conhecimento educacional em que educadores e
educando na categoria de sujeitos da construção de sua existência, preocupados
e inseridos em um plano mais aberto e coletivo, com objetivos idênticos
persigam uma nova sociedade sem se abandonarem levar por pensamentos abstratos
que alienam, mas que permaneçam incomodados com a construção histórico e real
de indivíduos humanos responsáveis por si e pelos outros.
A
qualidade da educação escolar não trata exclusivamente de pôr os alunos na
escola e passar conhecimentos, entretanto depende, principalmente, da qualidade
do trabalho dos educadores. Dessa forma, é necessário repensar a concepção dos educadores
de modo a aperfeiçoar as qualidades humanas e intelectuais apropriadas a
promover, com essa nova expectativa de ensino, a construção de uma sociedade
mais humana, conforme menciona GADOTTI (1985):
Enfim, ao novo educador compete refazer a
educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação
democrática seja possível, criar uma alternativa pedagógica que favoreça o
aparecimento de um novo tipo de pessoas, solidárias, preocupadas em superar o
individualismo criado pela exploração capitalista do trabalho, preocupadas com
um novo projeto social e político que construa uma sociedade mais justa, mais
igualitária (GADOTTI, 1985, p. 82).
É
no convívio escolar que os sujeitos instruem-se a viver em sociedade, aprendem
ainda a maioria das normas de uma sociedade, e a variedade cultural. Neste
argumento, o educador talvez seja o principal fator de transformação. É ele que
convive diariamente com os educandos, futuros cidadãos e condutores da
sociedade. Ele deve ser um modelo de opinião, condutas e de pessoa, que os educando
devem se refletir.
REFERÊNCIAS
ESTRELA, A. Pedagogia, ciência da educação? Porto (Portugal):
Porto Ed.1992.
GADOTTI,
Moacir. Educação e Poder: introdução à Pedagogia do Conflito. 6ª ed. São
Paulo: Cortez, 1985.
LOPES, A. R. C. Conhecimento escolar: Inter-Relações com Conhecimentos
Científicos e Cotidianos. Contexto e Educação. Inijuí: Ed. INIJUÍ, v.
11, n45, p. 40-59
MESQUITA,
Maria Fernanda Nogueira. Valores Humanos na Educação: uma nova prática em
sala de aula. São Paulo: Gente, 2003.
NETTO, J. P.; CARVALHO, M do C. B. Cotidiano: conhecimento e crítica.
7 ed. São Paulo: Cortez, 2007, p. 13-50.
PRAIS, M. L. Administração colegiada na Escola Pública.
Campinas, SP: Papirus, 1990.
RODRIGUES, N. Da mistificação da escola à escola necessária. 5
ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados.1991.
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