sábado, 23 de março de 2013

REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO ESCOLAR


REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO ESCOLAR
[1]Vera Lúcia Pereira de Souza

                  Se a escola tem um papel social, em que medida ela vem ou não, no transcorrer de sua história, simulando as veemências e as necessidades da sociedade? Qual importância? Que sociedade? Para quem a escola encontrar-se ou está voltada historicamente? Com qual intencionalidade?
                  Essas e outras indagações (e são inesgotáveis!) abarcam docentes diariamente em volta de respostas que promulgam não exclusivamente a pretensão de abranger o significado da escola, e, logo da educação, como do mesmo modo de expressar a sua persuasão social ou política (suas aspirações e sua intencionalidade).
                  A escola está estabelecida de forma cada vez mais presente em meio a um empenho de classes distintas com obrigações distintas. Estas incoerências de classes promulgam as incoerências sociais próprias da forma de organização econômica sob e no capitalismo. Isso da a entender em proferir que a forma de organização social ajustada no acúmulo dos bens, no domínio privado, na aquisição do lucro, na aquisição e venda da forma de trabalho e consequentemente na reprodução das classes sociais, determina e tem determinado de acordo com a história a definição da escola. Isso ocorre não exclusivamente no campo da dualização da oferta da educação (escola pública e privada) assim como na própria escola publica quando ela ao mesmo tempo tem sido disputada por vários grupos e múltiplos interesses.
                  Logo, embora que desejamos praticar um diagnóstico da escola por ela própria, isso seria uma alternativa simples ou sonhadora. A escola é produto de determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais e, conseqüentemente, históricos, ela é a síntese de várias deliberações.
                  A educação não é imparcial. Ela tem uma intencionalidade e por conta disto adota uma dimensão política e ideológica em função de veemências sociais historicamente organizadas. Isto expressa proferir que escola desvenda um plano de educação que, por sua vez, promulga uma concepção de sociedade.

                  A função social da escola é a de promover o acesso aos conhecimentos socialmente produzidos pela humanidade a fim de possibilitar ao educando condições de emancipação humana. “A função essencial da escola publica consiste na socialização do saber sistematizado, indispensável ao exercício da cidadania assim como na produção e sistematização de um novo saber, nascido da prática social”. (PRAIS, M. L., 1990, P. 19-20).  Tal função, [...] deveria garantir aos indivíduos, pertencentes a uma determinada sociedade, uma base comum de conhecimentos e habilidades, enquanto instrumental necessário à participação e às transformações sociais. (PRAIS, M. L., 1990, P. 19-20)
                  Deste modo, a escola está para modificar as semelhanças sociais e não para reproduzir circunstâncias. A escola está para humanizar, proporcionar condições à emancipação e à participação, não está para adequar as pessoas a situações de dominação.
                  Nesta definição, a escola está voltada para ampliar todas as potencialidades humanas.
                  A condição teórica mais importante é que o senso comum só poderá desenvolver em pleno a sua positividade no interior de uma configuração cognitiva em que tanto ele como as ciências modernas superem a si mesmos para dar lugar a uma outra forma de conhecimento (SANTOS, 1989, p. 41).
                  Na preparação do conhecimento escolar deve-se levar em conta a apresentação, a desempenho e a contribuição dos sujeitos (educando e educador), de ajuste com as experiências, as demandas sócio-econômico que vivenciam domínios de informação, desenvolvimento psicológico, maturidade corporal e cerebral, dentre outras, em que cada um se localiza. Esta é uma afinidade educacional onde ambos, no encontro do conhecimento com a ciência espontânea, respectivamente e hegemonicamente se apropriam de bens intelectuais, culturais e valores, desenvolvendo uma nova compreensão de mundo.
                  Nessa relação os conteúdos, são considerados os procedimentos didáticos, os objetivos a serem estabelecidos de acordo com os resultados que se querem obter os conhecimentos existentes e as novas denotações e valores existenciais e cognitivos almejados. Acima de tudo é imprescindível entender o movimento dialético estabelecido nas relações entre a realidade objetiva e as opiniões, para se abranger todo o procedimento no quais esses sujeitos estão inseridos.
                  Nesse movimento de ensino-aprendizagem são gestados conhecimentos escolares que, para serem eficazes, necessitam proporcionar resultados novos e modificação na atitude de pensar, sentir, fazer e agir, no pessoal e no profissional, em todos os aspectos históricos, sociais, políticos, econômicos e culturais.
                  Deste modo a informação escolar implica assimilação com um novo sentido que passa a existir a partir da interferência do conhecimento científico sobre os significados estabelecidos pelos conhecimentos. Sua apreensão está na importância do conhecimento existencial e na fundamentação teórica presente nos acontecimentos históricos, sociais e culturais. Nesta concepção a Escola deixa de ser encarada como mera transmissora de conhecimentos produzidos nas universidades e centros de pesquisas, para assumir uma nova feição de produtora de conhecimentos inerentes ao seu contexto: o conhecimento escolar (LOPES, 1997).
                  A educação escolar não deve perder de vista a sua funcionalidade educativa, a qual está pautada à aprendizagem dos sujeitos humanos, considerando que na escola está aprendizagem adota características próprias que deve abranger “o aluno, isto é, o indivíduo numa situação específica de ensino-aprendizagem.” (ESTRELA, 1992, p. 15).
                  A aprendizagem escolar se insere em uma metodologia com objetivos e com táticas de ensino e avaliações exclusivas que dar a entender na participação propositada dos sujeitos, educador e educando, e na preparação de saberes ligado ao homem, à sociedade e à vida, que conduzem à formação de compreensão de mundo, oferecendo sentido e determinando os nossos atos de maneira concreta e objetiva.
                  O que é fundamental na educação escolar é que ela seja capaz de incorporar, em seu processo pedagógico, o desenvolvimento de ações de conhecimento que leve o indivíduo a, primeiro, conhecer o mundo; segundo, conhecer-se como sujeito capaz de agir neste mundo e de transformá-lo (RODRIGUES, 1991, p.70).
                  O ensino tem como função cooperar para que os homens sejam competentes de ter o comando de seu próprio desenvolvimento. Carece cooperar para que cada sujeito forje o seu destino em um procedimento de assimilações e partilhas recebendo os feitos e os atos dos antepassados para progredir na construção histórica e social de caráter a garantir a sua autonomia.
                  Deste modo pode-se refletir em um conhecimento educacional em que educadores e educando na categoria de sujeitos da construção de sua existência, preocupados e inseridos em um plano mais aberto e coletivo, com objetivos idênticos persigam uma nova sociedade sem se abandonarem levar por pensamentos abstratos que alienam, mas que permaneçam incomodados com a construção histórico e real de indivíduos humanos responsáveis por si e pelos outros.
                  A qualidade da educação escolar não trata exclusivamente de pôr os alunos na escola e passar conhecimentos, entretanto depende, principalmente, da qualidade do trabalho dos educadores. Dessa forma, é necessário repensar a concepção dos educadores de modo a aperfeiçoar as qualidades humanas e intelectuais apropriadas a promover, com essa nova expectativa de ensino, a construção de uma sociedade mais humana, conforme menciona GADOTTI (1985):
Enfim, ao novo educador compete refazer a educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação democrática seja possível, criar uma alternativa pedagógica que favoreça o aparecimento de um novo tipo de pessoas, solidárias, preocupadas em superar o individualismo criado pela exploração capitalista do trabalho, preocupadas com um novo projeto social e político que construa uma sociedade mais justa, mais igualitária (GADOTTI, 1985, p. 82).

                  É no convívio escolar que os sujeitos instruem-se a viver em sociedade, aprendem ainda a maioria das normas de uma sociedade, e a variedade cultural. Neste argumento, o educador talvez seja o principal fator de transformação. É ele que convive diariamente com os educandos, futuros cidadãos e condutores da sociedade. Ele deve ser um modelo de opinião, condutas e de pessoa, que os educando devem se refletir.
                       


REFERÊNCIAS


ESTRELA, A. Pedagogia, ciência da educação? Porto (Portugal): Porto Ed.1992.

GADOTTI, Moacir. Educação e Poder: introdução à Pedagogia do Conflito. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1985.

LOPES, A. R. C. Conhecimento escolar: Inter-Relações com Conhecimentos Científicos e Cotidianos. Contexto e Educação. Inijuí: Ed. INIJUÍ, v. 11, n45, p. 40-59

MESQUITA, Maria Fernanda Nogueira. Valores Humanos na Educação: uma nova prática em sala de aula. São Paulo: Gente, 2003.

NETTO, J. P.; CARVALHO, M do C. B. Cotidiano: conhecimento e crítica. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2007, p. 13-50.

PRAIS, M. L. Administração colegiada na Escola Pública. Campinas, SP: Papirus, 1990.

RODRIGUES, N. Da mistificação da escola à escola necessária. 5 ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados.1991.





[1] Aluna PDE/2009. 

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