A IMPORTÂNCIA DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE
APRENDIZAGEM NOS PROCESSOS COLABORATIVOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM
SOUZA,
Vera Lúcia Pereira de.
O
progresso tecnológico permitiu uma nova realidade educacional: a educação
mediada pelo computador. A oferta de Educação a Distancia apoiada por Ambientes
Virtuais de Aprendizagem (AVAs) tem se aumentado velozmente, como resposta à
crescente necessidade de formação continuada, resultante das alterações dos
meios e modos de produção.
O
simples emprego da tecnologia computacional no ensino, no entanto, não implica
no sucesso do procedimento ensino-aprendizagem. Os softwares administradores,
ou plataformas, têm características e funcionalidades próprias, que necessitam
estar a serviço do desempenho global do procedimento de aprendizagem.
Os
benefícios da EAD no que concerne à crescente necessidade de desenvolvimento
continuado são indiscutíveis. No entanto, há criticas relacionadas quanto ao
emprego indiscriminado da EAD. A exagerada oferta de cursos que não apresentam
os pré-requisitos mínimos de qualidade leva a uma “prevenção” sobre as reais
potencialidades da EAD.
Inserida no conjunto maior da
educação, a EAD necessita considerar, no campo de sua prática, uma
fundamentação teórica considerada fundamental em qualquer forma de ensino.
Deste modo, refletir em EAD, segundo Neder (1999), implica refletir na educação
em sua magnitude situando-a num conjunto sócio-politico-econômico-cultural.
Para Freire (1979), o ensino não
pode ser simplesmente um repasse de instruções ao aluno, a educação como prática do livre-arbítrio
não é transferência ou a transmissão do conhecimento nem da cultura; não é a
expansão de conhecimentos técnicos; não é a ação de depositar informações ou
acontecimentos nos alunos; não é a perturbação dos valores de uma cultura
produzida; não é o empenho de adaptação do aluno no seu ambiente. A educação
como prática da liberdade é sobre tudo e antes de tudo uma circunstância
realmente gnosiológica[1].
Aquela em que a ação cognoscente não finaliza no elemento cognoscível, visto
que se comunica a outros sujeitos, do mesmo modo cognocentes.
No que pertence à avaliação da
aprendizagem, da mesma forma que as teorias gerais do ensino permanecem válidas
no novo argumento, as teorias de avaliação são do mesmo modo aplicáveis nos
contextos de educação presencial e de educação não presencial. A avaliação em
Educação a Distância apresenta, no entanto, algumas especialidades; aparecem
novos aspectos que carecem ao mesmo tempo ser analisados, como a logística de
implementação, que abrange, do mesmo modo, avaliar os tutores, a avaliação da
estratégia Instrucional e a avaliação do material didático.
O ambiente colaborativo de
aprendizagem surgiu a partir da prática do que se denomina Trabalho Cooperativo
Apoiado por Computador (Computer
Supported Cooperative Work – CSCW) inventado por Geif e Cashman, em
1984. Mais ultimamente, a expressão “Aprendizagem Cooperativa Auxiliada
por Computador” (Computer Supported
Cooperative Learning – CSCL) tem sido muito empregada e indica uma
abordagem que busca expandir a visão do computador como uma ferramenta,
conceituando-o como um ambiente facilitador da aprendizagem. (LUCENA, 1997).
O Ambiente Colaborativo de
Aprendizagem é um ambiente de intercâmbio que apóia a construção, entrada e
intercâmbio de informações pelos participantes, visando à construção social do
conhecimento.
Para o desenvolvimento de cursos
on-line, que contenham como desígnio o trabalho colaborativo, é essencial
esquematizar as estratégias pedagógicas ambicionadas e eleger os recursos
apresentados no software gerenciador, de maneira a se conseguir maior eficácia
do método ensino-aprendizagem, valorizando a conhecimento do aluno na
construção do conhecimento.
Quando
o aluno entra em contato com o conteúdo, por meio dos documentos e das
atividades indicadas, estabelece-se um processo interno de construção de
significados. Quando se realizam as discussões em torno dos pontos de vista e
explanações individuais, a partir das ferramentas disponibilizadas pela
plataforma, aparece um procedimento de ressignificação do conteúdo, onde as conclusões
particulares são enriquecidas pelas conclusões, opiniões e discussões de todo o
grupo.
Para a produção e implementação de
cursos, empregando a metodologia da educação a distancia, apoiado pelas novas
tecnologias da comunicação e da informação, considera-se indispensável à
formação de equipes multidisciplinares constituídas por especialistas das áreas
de Psicologia, Pedagogia, Informática, Design, além do especialista do conteúdo
a ser examinado. Essa equipe necessita ter, ao mesmo tempo, características de
transdisciplinaridade, ou seja, suas atuações e os produtos da sua
especialidade são exclusivamente sobrepostos para compor o produto final, mas
combinados de tal forma que as ajudas individuais não são mais visivelmente
identificadas no produto final, prevalecendo, portanto o fruto da equipe.
É importante estar informado que o
desenvolvimento do aluno é um identificador de aspectos que abrangem o desenho
instrucional do curso, o material didático, a adequação do conteúdo, o método
de tutoria, entre outros.
A
avaliação precisa ser sistemática e processual, fazer parte do dia-a-dia,
levantando questionamentos. Necessita ter seu enfoco não exclusivamente na
avaliação das plataformas e suas ferramentas, ou na avaliação do desempenho do
aluno, mas ao mesmo tempo na avaliação do material didático, do método de
tutoria, da infra-estrutura e da adequação do projeto instrucional.
Conclusão
A EAD sem dúvida tem merecimentos,
sendo o fundamental deles a democratização do conhecimento, que permite o
ingresso a educação superior a muitas pessoas que, de outra forma não poderiam estudar. Mas,
essa democratização não pode ser a perda de qualidade da educação.
Deve ser considerado, igualmente,
que o problema de qualidade de educação não está
comprometendo apenas a educação à distância ou ao
do terceiro grau, mas ao ensino de forma total,
principalmente ao ensino fundamental, pois, muitos
problemas do ensino de primeiro, segundo e terceiro graus são
decorrentes de alfabetização mal feita, o que reflete em toda a vida acadêmica
e chega a afetar o desempenho do indivíduo na sociedade,
que visivelmente sabe ler; mas, de fato,
não consegue apreender o que está escrito, analfabeto
funcional, o que afeta a sua capacidade de conhecimento e capacitação
para a tomada de decisões.
Os problemas dos primeiros anos de
estudo se tornam mais manifestos e acarretam maior perda quando
o indivíduo passa a compartilhar de ensino à distância, sistema que demanda
muita leitura,
sobre assuntos em que as colocações de autores
foram feitas e outras, corriqueiras no ensino
presencial.
O aluno de EAD, que já tiver
desvantagens devido a problemas na educação básica - que se compõe
em falha do Estado em prover ensino de qualidade - pode não ter consciência dos obstáculos do
sistema EAD e das suas limitações pessoais, o que poderá levá-lo a desconhecer
a desvantagem
da sua formação quando em relação a aluno do sistema presencial. E isso constitui, ainda,
desvantagens concorrentes na procura de melhor qualificação formal ou de ação profissional,
o que não é ético nem moralmente admissível.
Dado o exposto, clama-se a
sociedade por demandar do Estado a concretização da modalidade
EAD de forma não só a proporcionar a acessibilidade, mas especialmente, a qualidade. O
desafio é fiscalizar a atuação da oferta dessa educação em todos os campos, ou
seja, pública
ou privada. E o papel de acompanhar o desenvolvimento desse procedimento é da
sociedade civil por meio dos Conselhos.
Refletir a respeito de como a
educação do país está sendo posta e desenvolvendo constituirá viver em uma sociedade que prima pela cidadania, ética e desenvolvimento
para presente e vindouras gerações.
Inovar
não é apenas a emprego de novas técnicas, é especialmente, o desenvolvimento de
uma postura que envolve o modo de ser, atuar e pensar.
REFERÊNCIAS
DANSKI, M. T. R.; MAFTUM, M. A.
Especialização em Saúde para Professores do Ensino Fundamental e Médio. Módulo I: Contextual: Ensino, Pesquisa e
projeto de Intervenção. Curitiba: UFPR / CIPEAD, 2012. Disponível em <http://www.cursos.nead.ufpr.br/mod/resource/view.php?id=121030>.
Acesso em 07 ago 2012.
FREIRE. P. Extensão ou Comunicação? 4 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
LUCENA, M. Um modelo de escola aberta na internet: KIDLINK no Brasil. Braspot:
Rio de Janeiro, 1997.
[1]
Gnosiologia (também chamada Gnoseologia) é
o ramo da filosofia que se preocupa com a validade do conhecimento em função do
sujeito cognoscente, ou seja, daquele que conhece o objeto. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gnosiologia
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