quinta-feira, 10 de abril de 2014

Refletindo sobre Uso Racional de Medicamentos e Prevenção de Deficiências

SITUAÇÕES PROBLEMAS NA COMUNIDADE ESCOLAR

SOUZA, Vera Lúcia Pereira de.

              Ilude-se quem ajuíza que saúde é somente ausência de doença. A Organização Mundial de Saúde[1] (OMS), em 1946, deliberou que saúde é “o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou incapacidade, assim esta deve ser entendida em sentido mais amplo, como componente da qualidade de vida”.
              Assim, percebe-se que a procura por saúde não abrange somente a cura, mas todos os procedimentos que induzem a avanço na qualidade de vida. A saúde é um dos maiores recursos para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, bem como uma importante dimensão da qualidade de vida. (Carta de Ottawa[2]).
Refletindo sobre Uso Racional de
Medicamentos e Prevenção de Deficiências


SITUAÇÕES PROBLEMAS


1) Medicamento: O que é? Para quê serve?
              Medicamentos[3] são produtos especiais elaborados com a finalidade de diagnosticar, prevenir, curar doenças ou aliviar seus sintomas, sendo produzidos com rigoroso controle técnico para atender às especificações determinadas pela ANVISA.
              Os medicamentos diminuem ou extinguem sintomas (dor, febre, inflamação, tosse, constipação, náusea, vômitos, ansiedade, insônia, e assim por diante), mas, não agem nas causas.
              Ao abrandar os sintomas, o medicamento pode disfarçar a doença, dando a falsa impressão de que o problema foi resolvido. Por isso, antes de usá-lo, é importante consultar o médico e o farmacêutico.
              Remédios e Medicamentos não são as mesmas coisas.
              Remédios estão associados a todo e qualquer tipo de cuidado empregado para curar ou acalmar doenças, sintomas, desconforto e mal-estar.
              Alguns exemplos de remédio[4] são: banho quente ou massagem para diminuir as tensões; chazinho caseiro e repouso em caso de resfriado; hábitos alimentares saudáveis e prática de atividades físicas para evitar o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis; medicamentos para curar doenças, entre outros.
              Enquanto que os medicamentos são substâncias ou preparações preparadas em farmácias (medicamentos manipulados) ou indústrias (medicamentos industriais), que devem adotar determinações legais de garantia, eficácia e qualidade.
              Logo, todo medicamento é um remédio, mas, nem todo remédio é um medicamento.

2) Quais seriam os prováveis problemas que poderiam ocorrer em conseqüência do uso indiscriminado de medicamentos?
              O uso indiscriminado de medicamentos ocasiona uma série de problemas para a saúde. Também se sabe que é cada vez mais freqüente e antecipada o uso indiscriminado de medicamentos pela população.
              Seriam vários problemas que ocorrem com o uso indiscriminado de medicamentos, tais como: Aspectos sócio-econômicos e Aspectos relacionados à saúde.

3) Como o trabalho com o Uso Racional de Medicamentos, em sala de aula, poderia colaborar para diminuir os problemas do uso indiscriminado desses produtos?
              A informação e a avaliação crítica, promovidos pela atuação educacional, podem ser os passos iniciais para a adoção de modos de vida mais benéficos em busca da qualidade de vida. E educar em saúde não carece ser uma ocupação específica do professor, mas, de toda a comunidade escolar. Entendo que não adianta ter conhecimento de algo; é preciso converter o conhecimento adquirido em ação.
              Portanto, é essencial informar, educar e alertar os alunos e as pessoas sobre o verdadeiro papel dos medicamentos na saúde, assim como sobre os riscos e os cuidados que se precisa ter no seu emprego, promovendo o seu consumo de forma conscienciosa e racional.

4) Quando uma pessoa apresenta um sintoma (por exemplo, febre, dor de cabeça, tosse) sempre é necessário o uso de medicamentos? E de remédios?
              Entre os medicamentos de venda aberta, recomendados para dor, tosse e febre, contam-se centenas de marcas, mas, diversos podem ocasionar reações alérgicas, intoxicações, interações medicamentosas e outras implicações adversas.        Portanto, antes de tomar qualquer medicamento livre de prescrição, procure o seu farmacêutico, ele é o profissional recomendado para dar uma orientação apropriada.

5) Na sua opinião, podem existir implicações a saúde de se usar um medicamento tarjado (tarja vermelha) sem prescrição médica?
              Medicamento de tarja preto ou de tarja vermelha com retenção de receita[5] - unicamente podem ser dispensados mediante preceito médico ou odontológico, com receita específica e retenção da mesma na farmácia ou drogaria. Por serem à base de princípios ativos que atuam no sistema nervoso central ou por terem efeitos colaterais graves, como a dependência física ou psicológica, esses medicamentos são sujeitos a controle específico.

6) Quais os centrais cuidados para garantir o uso adequado de medicamentos?
              Os principais cuidados são seguir a terapêutica prescrita pelo médico, tomar os medicamentos nos horários certos, manter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos e comparecer ao serviço de saúde nos dias previstos são exemplos dos cuidados que os pacientes devem ter. Agregar o uso dos medicamentos à rotina diária e adequá-lo ao estilo de vida de cada pessoa facilita a adesão.

7) A automedicação é um costume comum na população. Mas quais as implicações desta prática?
              O uso impróprio de medicamentos pode levar desde a uma reação alérgica leve até a um quadro grave de intoxicação, além de disfarçar alguns sintomas de uma doença mais grave, atrasando o diagnóstico e comprometendo o tratamento.

8) Por que é importante trabalhar este assunto em sala de aula?    
              A facilidade de aquisição de medicamentos sem determinação médica, ou seja, a prática da automedicação, é a solução imediatista para minimizar seus problemas de saúde, contudo, essa prática deve ser repensada e corrigida. A automedicação é um fenômeno potencialmente danoso à saúde individual e coletiva, pois nenhum medicamento é inócuo ao organismo. (VILARINO, J. F. 1998[6]).
              Logo, é muito importante trabalhar este tema, pois, o mesmo causa vários danos à saúde de todos os envolvidos na educação.

9) Como podemos inserir o assunto o “Uso Racional de Medicamentos” e “a propaganda de medicamentos” para professores da Educação Especial, professores da APAE de Nova Aurora?
              Vários elementos publicitários sobre-estimam as qualidades dos produtos, às vezes imprecisas, e excluem seus aspectos negativos e perigosos, comunicando, muitas vezes, o falso conceito de que o medicamento divulgado é seguro, sem contra-indicações e/ou sem conseqüências colaterais.
              Exaltam, somente, os benefícios dos medicamentos e os colocam em uma posição principal na terapêutica, sem apresentar contextos com embasamento em informações científicas consideradas válidas.
              Assim, acabam levando ao uso impróprio de medicamentos, à automedicação e, em determinados casos, originam detrimentos financeiros pela obtenção de um produto impotente ou impróprio, o que pode intensificar gastos do Estado frente à gravidade de patologias ou pela ocorrência de reações adversas.
              De forma comum, as propagandas de medicamentos não alertam os consumidores para a ocorrência de que nenhum medicamento é imune de riscos e que, por isso, deve ser consumido com responsabilidade, mesmo os de venda isenta de prescrição médica.
              As demandas concernentes aos temas medicamentos e propaganda de medicamentos precisam ser trabalhadas no currículo, por meio de uma relação dos vários elementos curriculares, principalmente os de Língua Portuguesa, Ciências, Estudos Sociais, Artes e Educação Física. Esse trabalho favorece a “formação de atitudes e aquisição de conhecimentos, de valores que condicionem os comportamentos dos alunos, estimulando-os a tomar atitudes acertadas nesse campo”. (PCN’s, 1997[7]).

10) O que nós, professores, podemos fazer para mudar essa situação no ambiente Escolar, sobre o “Uso Racional de Medicamentos” na Escola da APAE de Nova Aurora?
              A Promoção da Saúde é uma metodologia educacional que conta com uma dimensão muito importante: a participação das pessoas envolvidas no processo, reforçando a responsabilidade e os direitos dos indivíduos e da comunidade pela sua própria saúde. (ANDRADE, V.; COELHO, M. A. S. M., 1997[8]).
              Neste argumento, a Educação em Saúde constitui-se em uma importante ferramenta de promoção da saúde.
              Portanto, a escola desempenha um papel destacado na formação dos cidadãos para a construção de costumes saudáveis, na medida em que o grau de escolaridade e de desenvolvimento cognitivo colabora para o nível de saúde da população, proporcionando a valorização da saúde, o discernimento e a participação de resoluções relativas à saúde individual e coletiva.
              Assim, na escola, educar para a saúde constitui promover saúde, desenvolvendo no aluno as competências imprescindíveis para o exercício da cidadania, da capacitação para o auto cuidado, bem como a apreensão de que a saúde é um direito e responsabilidade pessoal e social. (DISTRITO FEDERAL, 2002[9]).



[2]Carta de Ottawa - Documento resultante da Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada no Canadá (OMS, 1986).

[6] VILARINO, Jorge F. Perfil da automedicação em município do Sul do Brasi. Brasil. Rev. Saúde Pública, 32 (1): 43-9, 1998.

[7] PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: 1ª a 4ª série. Brasília: MEC/SEF, 1997. v. 8 e 9.
[8] ANDRADE, V.; COELHO, M. A. S. M. O processo educacional na promoção de ações comunitárias em saúde. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 43, n. 1, p.57-63, 1997.

[9] DISTRITO FEDERAL. Secretaria do Estado de Educação. Currículo da educação básica das escolas públicas do Distrito Federal; séries iniciais. 2º ed/Secretaria de Estado de Educação. – Brasília: Subsecretaria de Educação Pública, 2002.

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