sexta-feira, 9 de maio de 2014

CONSENSO SOCIAL

CONSENSO SOCIAL

SOUZA, Vera Lúcia Pereira de.

Acredito que a ruptura da escravidão no nosso País Brasil, a bem da verdade, é restringida. De fato, o reconhecimento da existência de práticas racistas parece ter, atualmente, maior consenso, contudo, o debate restringiu-se ao campo dos padrões culturais, o que de certa forma reproduz a mesma inversão que se fazia há 60 anos quando se desejou atacar as questões racistas, relegando-se a questão da desigualdade material para o esquecimento ou impondo a pessoa negra, a responsabilidade por seu estado econômico e social. 

Contudo, a própria discussão a respeito das formas de valoração distinta dos modelos culturais africanos, agora tutelados, assinala para a importância do debate a respeito dos mecanismos institucionais, que, no seio do sistema educacional reproduzem uma marginalização diferencial das populações de procedência, predominantemente, africana. 

A constituição institucional do fracasso escolar da criança negra revela uma primeira forma de marginalização no mercado de trabalho. 
As medidas que interferiram nesse primeiro período, como a descoberta da autoestima possa, em certo grau, manifestar-se e solucionar, de forma mais eficaz, parte do problema da inclusão socioeconômica desigual das populações de origem afrodescendente na nossa sociedade brasileira. 

Resta saber, quais outras medidas poderiam ser adotadas e se poderiam ser juridicamente acolhidas. 

Nesse sentido, os experimentos estrangeiros, como as políticas de atuação afirmativa, não podem sofrer, somente, uma crítica do tipo jornalístico de um “infantilismo indutivo” e serem classificadas de “politicamente adequadas”, como se essa forma irônica de indignação, fosse apropriada para assinalar saídas para os problemas sociais e, especialmente, do convívio humano, em nosso País Brasil.

Enfim, acredito que, a mídia e os estabelecimentos educacionais são, particularmente, poderosos na socialização das crianças e da população em geral, nos conceitos que elas absorvem a respeito da população de pessoas negras. 

O empenho para alterar essa imagem já está em movimento nas escolas com a eliminação de textos escolares de cunho racista, ensino da história e cultura africanas, e, nós professores já estamos participando de cursos, onde estamos tendo a oportunidade de debatermos essa questão, tanto é, vejam esse nosso curso, quantos conhecimentos estamos adquirindo em relação à pessoa negra, as pessoas afrodescendentes, e, com certeza, já estamos repassando para os nossos colegas professores, aos nossos educandos, esses conhecimentos adquiridos, até momento. 

Digo, até o momento, pois, iremos aprender muito mais...

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