quarta-feira, 23 de março de 2011

MÚSICA E DANÇA PARA CRIANÇAS DO ENSINO COMUM E ESPECIAL

Atividade apresentada na Pós-Graduação em Arte, Educação e Terapia

[1]Vera Lúcia Pereira de Souza


MÚSICA E DANÇA PARA CRIANÇAS DO ENSINO COMUM E ESPECIAL



                            O ensino fundamental  e o ensino especial configuram-se como um período escolar especial na vida dos alunos, porque é nesse tempo de seu desenvolvimento que eles tendem a se aproximar mais das questões do universo do adulto e tentam compreende-las dentro de suas probabilidades. Tornam-se curiosos a propósito de temas como a dinâmica das relações sociais, as relações de trabalho, como e por quem as coisas são produzidas.

DANÇA

                A arte da dança faz parte das culturas humanas e sucessivamente integrou o trabalho, as religiões e as atividades de lazer.
                A composição e o funcionamento do corpo e os elementos que compõem o seu movimento almejam demonstrar segurança ao movimentar-se, empenham-se na pesquisa do uso do corpo no espaço, nas diferenças de peso e velocidade e se articulam com essa informação. A dança não é linguagem: ela não informa significados, mas manifesta sentidos.
                Interessar-se pela dança como atividade coletiva e empenham-se na criação em grupo de forma solidária, é ser apropriado para arranjar e criar séries de movimentos em grupo, interagir com os colegas, acatando as qualidades individuais de movimento, cooperando com aqueles que têm dificuldade, recebendo as diferenças, valorizando o trabalho em grupo e empenhando-se na aquisição de resultados de movimentação harmônica, dentro dos parâmetros estabelecidos pelo professor.
                Compreendendo e desejando as diversas danças como manifestações culturais, o aluno será capaz de analisar e avaliar as diversas danças presentes tanto na sua região como em outras culturas, em diferentes épocas.

“(...) a cabeça é uma parte importante do corpo humano, mas só se está em relação orgânica como coração, com o sentimento. Sem esta relação, a cabeça é a fonte de todos os perigos e de todas as corrupções, em todos os terrenos e, portanto, também no da arte.” (KANDINSKY, 1990).

                Sendo assim, são vários os profissionais da dança.
                A dança é continuamente a criação de uma forma dinâmica (o corpo descreve formas no espaço), as formas de ampliam no tempo. Professores de dança aceitam ao aluno uma maior sensibilidade para com o mundo em volta de cada um.

MÚSICA

                            Música vem do grego “mousiké” e significa a arte de combinar sons de maneira aprazível ao ouvido. A música está presente na vida do homem desde seu advento sobre a face da terra. Sempre esteve integrada às tradições e às culturas de cada época.
                            O ensino da música na educação básica reconquista lentamente seu espaço graças à articulação de pedagogos e do desenvolvimento de projetos interdisciplinares.
                            A LDB 9.394/96, os PCNS e referenciais curriculares posteriores a ela instituíram o ensino das artes e desenvolveram a música (e também o teatro, a dança e as artes visuais) e lhe conferiram o status de disciplina.
                            Nos últimos anos os docentes vêm se rearticulando para apontar à sociedade a importância da música no desenvolvimento dos alunos, desde a educação infantil, pois ajuda no desenvolvimento do aprendizado cognitivo, na capacidade lógica, na motricidade, no desenvolvimento estético e na socialização, além de ser uma ligação entre as diversas manifestações da cultura nacional.

"Cantar em conjunto, achar os intervalos musicais que falem como linguagem, afinar vozes significa entrar em acordo profundo e não visível sobre a intimidade da matéria, produzindo ritualmente, contra todo o ruído do mundo, um som constante (um único som musical afinado) diminui o grau de incerteza do universo, porque insemina nele um princípio de ordem.” (WISNIK, 1989:24)

                            As músicas brasileiras constituem possibilidades para o ensino da música com música e pode fazer parte das produções musicais em sala de aula, aceitando que, o aluno possa organizar hipóteses a respeito do grau de precisão necessária para a afinação, ritmo, percepção de elementos da linguagem.
                            O educador deve apresentar a música para a sala de aula, oferecendo aos alunos acesso às obras que possam ser significativas para a ampliação pessoal em atividades de apreciação e produção.


SUGESTÕES DE ATIVIDADE DE DANÇA E MÚSICA PARA SEREM TRABALHADAS EM DATAS COMEMORATIVAS

FEVEREIRO

                Depois do carnaval trabalhar, por exemplo, a canção vencedora da escola de samba da cidade ou as canções que foram ouvidas pelos canais de comunicação e o tipo de dança. Caso as aulas comecem antes do carnaval, trabalhar uma canção escolhida pelos alunos, do carnaval atual e de carnavais passados.

MARÇO
                O dia do circo, dia internacional da mulher e início do outono pode ser trabalhado com canções, dobraduras, colagens e danças dos palhaços.

ABRIL

                O descobrimento do Brasil, o Índio e Tiradentes. Trabalhar canções que falem de índios ou canções indígenas. Conforme o nível da classe, situar geograficamente as regiões do Brasil e a localização das diversas tribos com seus costumes, seus mitos e lendas, suas danças, seus instrumentos musicais que poderão facilmente ser confeccionados pelos alunos para acompanhar as canções.

MAIO-JUNHO

                Os temas são contextualizados de acordo com o local em que está a escola. As festas juninas: reúnem som, cor, dança, música, texto, adivinhações, artes plásticas pela confecção dos enfeites como bandeirinhas e outros adereços juninos.

AGOSTO

                Mês do folclore. Ocasião em que se retomam as nossas origens com a contribuição dos índios, portugueses e africanos. Oportunidade para o incentivo à pesquisa da música, da dança, da execução dos instrumentos musicais, confeccionados pelos alunos, das comidas e bebidas típicas.

SETEMBRO

                Independência do Brasil fato histórico que poderá ser trabalhado por todas as dimensões do programa escolar, uma vez que o ensino do nosso hino nacional brasileiro tem no seu texto a mensagem de amor, falando da posição geográfica do Brasil, comparando-o com outros países. Ele é um exemplo de cidadania para se cultivar o amor à pátria.
                A história do nosso hino escolhido por aclamação pública, com sua música envolvente deve ser estimulada sendo cantado corretamente por todos os brasileiros.

OUTUBRO-NOVEMBRO

a) outubro mês da criança: ocasião em que deve ser explorada a confecção de brinquedos e a restauração da prática das brincadeiras com bolas, com as mãos, de pular corda, amarelinha, caracol e outras que os alunos de outras épocas brincavam antes do advento da avassaladora comunicação de massa.

b) novembro: o tema gerador não parte da canção, mas do som e de suas propriedades, num incentivo à pesquisa, com experiências realizadas pelos alunos, que envolvam a sua produção, propagação e suas qualidades: altura intensidade, timbre e duração aplicados no contexto musical para trabalhar as canções. Depois de todo o trabalho prático realizado durante o ano este será um trabalho de conclusão para uma maior fundamentação teórica.

DEZEMBRO

                Por ocasião do natal, partir das canções natalinas e incentivar a criação de jingles, cartões de natal com frases criadas pelos alunos e musicadas.


PLANO DE AULA – 1

Objetivo geral: Dança e Música.
Objetivo específico: Sociabilização – levar o aluno a comunicar-se e relacionar-se bem com os demais, a fim de manter certa harmonia, disciplina, união e interação dos grupos quando necessário em sala de aula.
Conteúdos:
- noções de espaço;
- noções de níveis;
- esquema corporal;
- coordenação motora;
- ritmo;
- fluência;
- criatividade.
Estratégia:
a -  Aquecimento: cantar uma música com determinados gestos que envolvam interação e interdependência.
b - Parte principal: movimentar-se ao som de músicas rápidas, moderadas e lentas.
                            No primeiro instante, o professor poderá sugerir que façam os mesmos movimentos que ele e, num segundo momento, deixar que eles criem seus próprios movimentos, sempre sob a voz de comando do professor.
Sugestões para a voz de comando:
- Dançar no ritmo da música nos níveis baixo, médio e alto;
- Dançar no ritmo da música nos níveis baixo, médio e alto somente com a cabeça /ombros/ braços/ pernas/ em um pé só/ com quatro apoios...;
- Dançar no ritmo da música nos níveis baixo, médio e alto em locomoção para trás/ frente/lado direito-esquerdo;
- Dançar no ritmo da música nos níveis baixo, médio e alto, de mãos dadas com um colega/dois/três;
- Dançar no ritmo da música nos níveis baixo, médio e alto e todas as vezes que for se locomover encostar-se a alguma parte do corpo de um colega.
c - desaquecimento: utilizar a brincadeira “escravos-de-jó”.
Avaliação: valorizar o processo e não a execução do movimento propriamente dito.

PLANO DE AULA – 2

Objetivo: Dança e Música.
Objetivo específico: treinar as habilidades de girar em um pé só, para os lados direito-esquerdo, todos os alunos no mesmo ritmo.
Conteúdos:
- Noções de espaço, direções, níveis e lateralidade;
- Coordenação motora;
- Ritmo;
- Equilíbrio;
- Fluência.
Estratégia:
a - Aquecimento: com música, seguir o professor que deverá estar movimentando cada segmento corporal;
b - Parte principal: treinar, tecnicamente, o giro em um pé só, para os lados direito-esquerdo (enfatizar a técnica e ir aumentando o grau de complexidade):
- O professor deverá mostrar uma seqüência coreográfica;
- Os alunos deverão ir treinando, junto com os movimentos do professor, parte por parte, até memorizarem toda a coreografia, até automatizarem todos os movimentos;
- Os alunos deverão repetir diversas vezes a mesma seqüência coreográfica (na qual deverá constar giros), até que os movimentos pareçam todos corretos;
- O professor poderá dar os seguintes estímulos: quem consegue girar mais? Quem consegue girar com a
Técnica correta?
c - Desaquecimento: com música lenta, seguir os movimentos do professor.
Avaliação: ocorrerá no processo, isto é, o professor deverá dar um retorno (feedback) constante, sobre os movimentos corretos ou errados dos alunos.

PLANO DE AULA – 3
Objetivo: Dança e Música.
Objetivo específico: Construção coreográfica.
Conteúdos:
- Noções de espaço, direções, níveis e lateralidade;
- Ritmo;
- Fluência;
- Criatividade.
Estratégia:
a - Aquecimento: o professor, sob o estímulo de um estilo musical, conduzirá alguns exemplos de Movimentos, segundo um tema por ele proposto. Em seguida, apenas passará a sugerir temas, nomeando determinados alunos que deverão criar movimentos e todos deverão reproduzi-los. Exemplo: temas sobre ações do cotidiano.
b - Parte principal:
- Dividir a classe em pequenos grupos;
- Distribuir temas para cada grupo;
- Cada grupo deverá construir uma coreografia, tendo as exigências de adequar os movimentos ao tema, ao estilo musical (noção de ritmo) e de explorar o espaço, níveis e as direções propostas;
- Limitar o mesmo tempo para cada grupo.
c - Desaquecimento: os alunos deverão deitar-se, fechar os olhos e sob o som de uma música instrumental tranqüila, coreografar mentalmente (idealização coreográfica).
Avaliação: O professor deverá atuar como um orientador, lançando situações-problemas e observando a participação de cada membro no grupo. Também poderá sugerir uma auto-avaliação ou avaliação do grupo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KANDINSKY, Wassily. Do espiritual na arte: e na pintura em particular. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

________. Olhar sobre o passado. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

WISNIK, José Miguel (2003). In. TERESA. Revista de literatura brasileira. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. Nº 4 5. São Paulo: Ed.34.

______, Jose Miguel. Está cheio de inferno e céu. Revista Abre-alas, 1979.

______, José Miguel (2004). Livro de Partituras. Rio de Janeiro: Gryphus.

______, José Miguel (2004). Sem Receita: ensaios e canções. São Paulo: Publifolha.

______. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras Ed., 1989.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei Federal nº. 9.394, de 26 de dezembro de 1996. Brasília, 1996.

______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília, 1997. v. 6: Arte

______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais (5a a 8a séries): arte. Brasília, 1998.



[1] Pós-Graduada do Curso de Pós-Graduação em Arte, Educação e Terapia – FAPI - Pinhais

Um comentário:

Unknown disse...

Boa noite. Sou prof de Ballet tenho DRT. Ja trabalhei c crianças especiais e gostaria de saber onde posso fazer cursos especificos, por ex para cadeirantes.
Geata no aguardo