segunda-feira, 15 de novembro de 2010

AVALIAÇÃO ESCOLAR E RECUPERAÇÃO ESCOLAR




DEFINIÇÕES DE AVALIAÇÃO ESCOLAR
 SOUZA, Vera Lúcia Pereira de

Avaliação é o tipo de metodologia muito complexa de ser aplicada na pratica nas escolas brasileiras, precisamente devido a ser assunto ignorado pelos professores e dirigentes. Por isso julgamos necessário tratamento teórico.
Achamos melhor começar pelo significado de avaliação apresentada por Luckesi (1995), que quando fala em avaliação da aprendizagem, opta defini-la como sendo um juízo de qualidade sobre elementos relevantes para uma tomada de decisão. A compreensão de avaliação que sinaliza a afinidade de professores e alunos, segundo Hoffmann (1996), é a que define essa atuação como julgamento de valor de resultados obtidos.
No entanto, hoje em dia a avaliação na maior parte do sistema educativo depara-se centrada no professor e se caracteriza pelo autoritarismo, onde avaliar é rotular, é aprovar ou reprovar.
Estes equívocos e incoerências que ocorrem na prática da avaliação apresentam como responsável a dicotomia entre educação e avaliação.
Hoffmann (1996), narra que os professores compreendem a ação de ensinar e avaliar como períodos distintos e não relacionados. Deste modo, por não dar a seriedade indispensável que a avaliação deve possuir dentro da metodologia de aprendizagem, os professores desempenham as ações acima mencionadas, de forma diferenciada. Assim sendo, mesmo buscando inovar, o professor ensina matéria, aplica prova escrita, imputa nota e conclui o ato da avaliação.
Ao empregar a nota como conclusão absoluta, o professor comprova não ter idéia que a avaliação é um dos múltiplos períodos de coleta de informações a ser realizada dentro do processo ensino - aprendizagem, hábil de lhe proporcionar elementos para um juízo de valor, que admita a tomada de uma decisão a respeito do trabalho pedagógico que vem sendo desenvolvido e o conseqüente desenvolvimento ou não do aluno.
Souza (1992), ao se mencionar ao tema diz que a avaliação desempenha um importante controle sobre a informação, porque o aluno aprende para fazer prova, responde perfeitamente aquilo que nem mesmo apreendeu, sem esquecer que as questões são mal ordenadas e admitem múltiplas interpretações. Deste modo professor e aluno não interatuam, fazendo-se sujeitos do método educacional. O processo de construção do conhecimento, por meio da aquisição gradual de conhecimentos, não é levado em importância. O professor trabalha com circunstâncias fechadas e orientadas para a memorização e o condicionamento, cabendo ao aluno a papel de obedecer a regras pré - estabelecidas e reproduzir no momento certo o conteúdo apontado e narrado por este docente, por meio de respostas que serão avaliadas certas ou erradas, segundo critérios por ele instituídos. Essa é a avaliação da aprendizagem que a escola desempenha.
Necessita o professor abolir com a prática equivocada de avaliação como avaliação de resultados de provas e testes. É preciso que o professor apreenda que a função seletiva e discriminatória das notas e julgamentos, gera sérios danos ao aluno, que muitas vezes o transportam para o resto da vida, com títulos recebidos no período escolar de: aluno “fraco”, "incapaz” e pejorativamente “burro”.
Embora esta mesma função seletiva das notas e conceitos, acarreta discriminação e sérios estragos sociais decorrentes da reprovação de estudantes das camadas populares.
Deste modo, a avaliação é fundamental ao procedimento ensino - aprendizagem, sendo a ele essencial quando bolado como problematização, questionamento e ponderação sobre a atuação.
Educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que habitamos para ir além das contradições, comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente. (GADOTTI, 1984).
Logo, avaliação é a reflexão modificadora em ação, que estimula a novas reflexões.
Cabe ao professor uma reflexão constante sobre a sua realidade, um acompanhamento ininterrupto do aluno, no andamento da construção do conhecimento.
O professor necessita ver a avaliação na escola, numa perspectiva de construção da informação. Hoffmann (1996) sugere para a prática da avaliação, na perspectiva de construção, duas premissas fundamentais:
a) confiança na probabilidade do aluno construir as suas próprias verdades;
b) valorização de suas manifestações e interesses.
A avaliação, na perspectiva de construção do conhecimento, recusa a idéia de que o erro comprova fracasso e dúvida expresse ausência de conhecimento. Contudo, que o aparecimento de erros e dúvidas dos alunos, numa extensão educacional é um componente altamente expressivo ao desenvolvimento da ação educativa, pois admitirá ao professor a observação e averiguação de como o aluno se posiciona perante o mundo ao construir suas verdades.
Analisando esse aluno como um sujeito livre para tomar suas próprias deliberações, crítico, inventivo, descobridor, observador e participativo, atuando com colaboração e harmonia, isto é transformando-se em um cidadão.
Deste modo, avaliar é criar ocasiões de atuação / reflexão, num constante acompanhamento pelo professor, que instigará o aluno às novas demandas - problemas, a partir das respostas apresentadas.
Neste ponto de vista a avaliação troca de ser período terminal do método ensino - aprendizagem, para se converter em momentos estáveis de procura da apreensão das dificuldades do aluno e no oferecimento de novas oportunidades de obtenção de conhecimento.
Hoffmann (1996) cita que para o desenvolvimento desse método avaliativo, demanda do professor uma visão vasta e detalhada de sua disciplina, de modo que lhe comporte instituir relações entre as suposições estabelecidas pelo aluno e a cientificidade do conhecimento.
Podemos, então, finalizar que a avaliação escolar é um item do processo ensino - aprendizagem, cujo intento é coletar informações que permitam estabelecer uma contrapartida entre os elementos alcançados e os objetivos propostos, a fim de que o professor possa averiguar o desenvolvimento do aluno em relação ao trabalho realizado, guiando - o deste modo para uma tomada de resoluções em relação às atividades que se segue.
Além disso, não há dúvida de que os resultados conseguidos com os processos convencionais de avaliação não são os ambicionados pelos planos de ensino dos professores. Isso pode ser revertido, quando ficar compreendida o papel de cada instrumento, não como uma atuação isolada e precisa, mas uma atuação avaliativa que, por estar associada a um plano de formação, é por essência uma ação de educação e de aprendizagem.

BIBLIOGRAFIA

GADOTTI, Moacir. Educação e Poder - Introdução à Pedagogia do Conflito. 8ª Ed. São Paulo: Cortez, 1988.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação: Mito e Desafio - Uma Perspectiva Construtivista. 18ª Ed. P. Alegre: Mediação, 1996.

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez, 1995.

SOUZA, Angela Maria Calazans de. A avaliação no processo de construção do Conhecimento. Revista Amae - Educando. Belo Horizonte, 1992.
RECUPERAÇÃO ESCOLAR

A recuperação escolar é uma das atividades importantes, que se discute no plano escolar.
A preocupação com a aprendizagem dos alunos igualmente é política, porque as escolas são rotuladas a partir dos saldos das avaliações externas, desempenhadas por seus alunos.
Os resultados de rendimento e aproveitamento escolar, analisados por meio das avaliações externas, são apreensões duráveis nas escolas públicas municipais e estaduais.
Todo o envolvimento da política estadual e municipal com o rendimento escolar, também está vinculado às metas nacionais do Plano de Desenvolvimento da Educação, que pretende atingir a média nacional 6, até 2021. Esse é um índice de desempenho internacional. (BRASIL, 2001, p. 22).
A média alcançada pelas 4ª séries das escolas públicas nacionais, na Prova Brasil de 2007, foi de 4,2. (BRASIL, 2008).
À escola cabe viabilizar a todos os alunos ocasiões de aprendizagem e permitir a superação das dificuldades deparadas no trajeto desse aprendizado. A recuperação é um instrumento relevante para levar o aluno ao sucesso escolar. Contínua ou Paralela objetivam combater a discrepância de conteúdo programático. É importante meditar, nesse sentido, o que diz Barreto (2002) nós desejamos marchar para um horizonte apontado, o da escola democrática e inclusiva, que receba as crianças, sem restrição, e dê conta de ensinar-lhes conteúdos socialmente expressivos, mas não temos conhecimentos de como fazer para chegar lá.
A experiência com a realização desta pesquisa sobre recuperação mostrou-nos que os sucessos dos alunos são mais efetivos, quanto mais domínio se tem com a programação, cumprimento e avaliação da produção. Compreendemos que quanto mais diálogo existia entre supervisor e alunos/professoras melhor era a performance destas com os alunos. Quanto mais bem preparadas elas estavam, mais eficazes eram as estimulações e as intercessões com seus alunos, descreveram.
De fato, torna-se cada vez mais indispensável que a escola abra espaço e instigue os professores, os demais membros da comunidade escolar bem corno os alunos e seus pais para discutirem a avaliação do rendimento escolar promovendo encontros os quais deverão ser ininterruptos e muito reflexivos.
E, deve-se destacar: independente dos discernimentos seguidos pela escola, não se poderá esquecer as características particulares de cada aluno. Auto- avaliação, hetero-avaliação, testes, provas, entrevistas, observação direta, observação participante bem como outras técnicas e instrumentos de avaliação poderão ser formados e aproveitados no dia a dia da escola desde que sejam decididos como meios mais apropriados.
Nessa direção da educação, da aprendizagem, da recuperação, o professor necessita ficar alerta, conversar, argumentar, mostrar, estimular o debate sem, no entanto, adotar o ato pedagógico como se fosse o todo-poderoso. Por fim, a avaliação que permite crescimento, provoca discussão, debates, funda-se numa relação dialógica e lógica. Sugere realimentação.
Contudo, em hipótese alguma, a recuperação poderá expressar castigo.
Tendo condições de, criticamente, compreender o Sistema Educativo, por certo, professores, alunos e pais compreenderão que a escola tem sua história; não esta ilhada na comunidade. Ela não nasceu por casualidade. Ao descobrirem seus conflitos pessoais, profissionais, melhor conhecendo-se a si próprios, auto-avaliando-se constantemente, com aguçado espírito crítico, os professores apresentarão maior probabilidade de desvencilhar-se de empecilhos, aprimorarem-se, desenvolver como educadores e como avaliadores, adotando decisões, acertando, errando, colaborando.
Para isso, é conveniente que o professor tenha uma visão viva dos fundamentos de seu campo de conhecimento, daquilo que é nuclear no projeto que desenvolve, dos critérios que orientam seu trabalho, dos pontos importantes de sua atuação didática e dos apontadores daquilo que o professor estima e ambiciona ver desenvolvido em seus alunos. Deste modo, poderá produzir, interpretar ou memorizar os períodos expressivos que, pouco a pouco, colaboram para formar um cenário do aluno, da classe, do projeto todo.
Mais que isso, permite que as relações pessoais aconteçam em um clima de confiança mútua e auxilia, segundo aconselha Marina (1999), que possamos fazer brotar na escola a cultura da transparência, por meio de uma relação de colaboração.

REFERÊNCIAS

BARRETO, Elba Siqueira de Sá. Os desafios da avaliação nos ciclos de aprendizagem. In Progressão continuada – compromisso com a aprendizagem. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002.

BRASIL. INEP. IDEB: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Resultados e Metas, 2008. Disponível em: < http://ideb.inep.gov.br/Site/>. Acesso em: 02 mar 2010.

______. Ministério da Educação. PDE - Plano de desenvolvimento da educação:razões, princípios e programas. Brasília: MEC, 2001. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/livromiolov4.pdf>. Acesso em: 28 mai 2009.

MARINA, J.A.. Avaliação: da excelência à regularização das aprendizagens. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

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