domingo, 14 de novembro de 2010

PLANO DE AULA CIÊNCIAS - EDUCAÇÃO ESPECIAL


Plano de Aula de Ciências
Plano de Aula para  Ensino Fundamental

Consumo consciente de Água e Preservação da Água

Introdução

Este plano de aulas traz como tema principal a gestão da água no Brasil e no mundo. Vamos abordar a identificação dos pontos de pressão e conflitos pelo uso da água, bem como das formas de colaboração e gestão partilhada dos recursos hídricos. Também traz algumas propostas para trabalhar com a questão hídrica no Ensino Fundamental.
Trata-se de responder à pergunta: aonde possui pouca água, quem deve utilizá-la prioritariamente? Como advertem os conhecedores Robin Clarke e Jannet King, vêm acontecendo progressos no uso partilhado de bacias hidrográficas entre os países. No Brasil, as leis aprovadas a partir do término da década de 1990 recomendam prioridades de usos e medidas e políticas de gestão associada e recuperação dos cursos d'água e bacias. Contudo ainda tem muito por fazer, como os alunos poderão comprovar.


Objetivo

- Identificar alvos de pressão e conflitos pelo uso da água no Brasil e no mundo.
- Conhecer e analisar políticas e medidas de gestão partilhada dos recursos hídricos nacional e internacionalmente.
- Promover atuações na escola e na comunidade que cooperem para preservar os recursos hídricos disponíveis.
- Identificar a repartição de água no planeta e os fatores naturais e sociais que intervêm na sua abundância e falta, tendo em vista a ingestão humana.
- Conhecer e avaliar métodos e circunstâncias que danificam a disponibilidade de água no Brasil e no mundo e analisar propostas para a utilização sustentável do recurso.


Conteúdo

Água: conflitos, cooperação e gestão dos recursos hídricos
Água - repartição e disponibilidade no plano terrestre; A posição do Brasil; Utilização da água; Sustentabilidade do recurso.


Material


Água


Desenvolvimento da Atividade

Primeira e segunda aulas
Planos de aula, projetos de trabalho na escola e série didáticas podem se guiar pelas seguintes demandas: que atuações necessitam ser desenvolvidas para garantir a qualidade e disponibilidade de água para díspares usos? Têm leis sobre isso? O que elas recomendam? O que expressa gestão associada dos recursos hídricos? Qual é o papel dos díspares atores sociais quando estão em questão a oferta e a qualidade da água?
Peça que a turma se reparta em grupos e, a partir do que já foi estudado, faça uma lista de ações para conservar e afiançar a qualidade e oferta de água na localidade. Recomende que retomem os usos que consomem ou danificam os recursos hídricos no município: os rios e córregos estão poluídos ou infectados por dejetos domésticos, industriais ou agrícolas? De onde procede a poluição? As beiras de rios, córregos ou lagos estão desmatados ou foi conservada a cobertura vegetal? Como está a rede de coleta e o tratamento de esgotos no município e região?
Deixe que discorram e anotem livremente sobre esses assuntos, a partir do que já analisaram ou vivenciaram. Considere a possibilidade de levar um especialista, pesquisador, autoridade ou representante de organização social para palestrar com os alunos. Ou, de outro lado, averigúe se existe comitê de bacia hidrográfica na região ou no município e analise a perspectiva de programar uma visita com os alunos.
A seguir, é importante decidir com os alunos uma atividade a ser desenvolvida pela turma para cooperar para a preservação dos recursos hídricos locais. Em várias escolas e municípios do país, os alunos vêm se mobilizando para, por exemplo, promover o replantio das matas ciliares com qualidades originárias da região. Se a alternativa for por essa medida, é preciso descobrir se têm viveiros de mudas na localidade ou se há instituições e organizações sociais ocupadas com atuações como essas. Os alunos, mediante o assessoramento de especialistas e professores, poderão criar viveiros de mudas de plantas na escola.


Terceira e quarta aulas
Faça um círculo de conversa com os alunos e discuta a importância das matas ciliares. Como o nome expõe, elas se dispõem ao longo das bordas dos cursos d’água e auxiliam no controle da erosão e do assoreamento. Cooperam para manter a quantidade e qualidade dos recursos hídricos, filtrando possíveis detritos depositados na água. Além disso, ao formarem caminhos de vegetação, as matas ciliares (ou de galeria) contribuem para conservar a biodiversidade e proporcionar alimento e abrigo à fauna.
Com a ajuda de especialistas locais e dos professores, os alunos podem mapear e eleger a área para o plantio das mudas. Nesse percurso, poderão convidar diversas turmas da escola a compartilhar e organizar um evento para marcar o plantio, mais adiante, com a participação dos pais, componentes da comunidade, representantes do poder público e organizações locais. Com esta atividade prática, poderão compreender a seriedade desse tipo de atuação para a revitalização de rios, córregos e lagos.


Quinta aula
Como é a repartição e a disponibilidade da água no mundo? Quais as espaços que coexistem com fartura ou falta da água? No Brasil, como é a condição? E na cidade de Nova Aurora, existe oferta apropriada de água? Qual é a condição dos nascentes e cursos d’água que abastecem Nova Aurora? Essas e outras demandas podem servir de tema ao desenvolvimento dos assuntos referentes a este plano e ser o ponto de partida para a organização de projetos grupais de trabalho, seqüências didáticas e outras atividades.
Para os alunos da 3ª série (séries iniciais), indique rodas de conversa sobre circunstâncias em que tenha acontecido carência ou racionamento de água na rua, no bairro ou no município. Peça que exponham essas ocorrências e assinalem quais os métodos seguidos em cada família. A seguir, eles podem descrever o que tem conhecimento sobre a disponibilidade de água na cidade de Nova Aurora (regime de chuvas, volume de água de rios, lagos e espaços de nascentes, e assim por diante). Aproveite as recomendações ao término deste plano e apresente novos subsídios à turma.
Em seguida, a conversa pode assumir o norte das práticas que os alunos avaliam impróprias e que danifiquem a oferta de água, como o escoamento de esgotos domésticos e detritos industriais em rios, córregos. Para a aula subseqüente, recomendem que discorram a respeito dessas questões com familiares e elementos da comunidade, em particular os mais idosos ou aqueles que habitam a mais tempo no município, apresentando os resultados para um novo círculo de conversa.


Sexta aula
Forme uma nova roda de conversa para compartilhar os frutos das conversas dos alunos com familiares ou componente da comunidade a respeito da oferta e utilização da água na cidade de Nova Aurora. Em seguida, recomende a eles que representem as circunstâncias assinaladas por meio de desenhos ou mosaicos de figuras (fotos, charges e ilustrações). Reserve momento para esse trabalho, que precisa ser feito, preferencialmente, em pequenos grupos. Providencie os materiais e recursos indispensáveis.

Indique a seguir um novo exercício: como seria uma semana na vida de cada um sem água para ingestão? Como conseguir o necessário? Alguma pessoa imagina o que praticavam os povos da antiguidade, que ainda não tinham recursos à mão para garantir a qualidade da água? Faça a leitura do texto complementar “Poluição e desperdício reduzem a água disponível no Brasil” (ver sugestão no término deste plano de aulas). Se necessário, recolha outros documentos adequados para a faixa etária. Apresente alguns elementos a mais: na Grécia antiga, usava-se a água da chuva para beber, mas os gregos já tinham conhecimento da precisão de fervê-la e filtrá-la (com panos) antes da ingestão. A procura por água levou muitas civilizações a ocupar preferencialmente bordas de rios, onde o provimento era mais seguro. Isso, no entanto, causava a edificação de açudes contra enchentes e sistemas de bombeamento para impedir inundações.



Sétima e oitava aulas
Convide os alunos a montar painéis ou cartazes com representação, ilustrações e documentos a respeito da utilização da água, com apoio no que vem acontecendo no próprio município. É importante que assinalem ocorrências como a poluição e o comprometimento do mar, de rios e córregos, caso isso aconteça, e recomendem a importância de economizar e utilizar adequadamente a água, no caso de pessoas, atividades econômicas e poder público. Recomende a apresentação de trabalhos em varais ou painéis na escola.


Avaliação

No caso das turmas do Fundamental I (séries iniciais – 3ª série), é importante levar em conta a participação de cada aluno nos trabalhos grupais e individuais. Analise com prudência os trabalhos individuais e em grupos na constituição do projeto de plantio de mudas. Nas conversas e na produção de textos, analise a apreensão da importância da água e sua inter-relação com os outros subsídios do meio físico e social.
Leve em conta os fins instituídos no início das atividades. Analise e anote a participação dos alunos nas fases individuais e grupais do trabalho. Para averiguar o domínio progressivo dos conceitos, analise o conjunto da produção de documentos, faixas, desenhos, painéis e outros trabalhos desempenhados. Reserve um período para que os alunos falem livremente sobre o conhecimento e para analisar ocasionais dificuldades e ganhos de aprendizagem. 




Site Consultado:






TEXTO COMPLEMENTAR


POLUIÇÃO E DESPERDÍCIO REDUZEM A ÁGUA DISPONÍVEL NO BRASIL

 

O país é rico em disponibilidade de água, com 12% do total do mundo, mas a distribuição no território é muito desigual


Se o assunto é água, o Brasil é um país privilegiado. Sozinho, detém 12% da água doce de superfície do mundo, o rio de maior volume e um dos principais aqüíferos subterrâneos, além de invejáveis índices de chuva. Mesmo assim, falta água no semi-árido e nas grandes capitais, porque a distribuição desse recurso é bastante desigual. Cerca de 70% da reserva brasileira de água está no Norte, onde vivem menos de 10% da população. Enquanto um morador de Roraima tem acesso a 1,8 milhões de litros de água por ano, quem vive em Pernambuco precisa se virar com muito menos – o padrão mínimo que a ONU considera adequado é de 1,7 milhões de litros ao ano. A situação pode ser pior nas regiões populosas, nas quais o consumo é muito maior e a poluição das indústrias e do esgoto residencial reduz o volume disponível para o uso. É o caso da bacia do rio Tietê, na região metropolitana de São Paulo, onde os habitantes têm acesso a um volume de água menor do que o recomendado para uma vida saudável.
Além da poluição, o que preocupa a maior metrópole do país é a ocupação irregular das margens de rios e represas, como a de Guarapiranga, que mata a sede de 3,7 milhões de paulistanos. A seu redor, vivem cerca de 700 mil habitantes. Com o desmatamento das margens para a construção das casas, grande quantidade de sedimentos foi arrastada para a represa, que perdeu sua capacidade de armazenamento e ainda recebe o esgoto de muitas residências. O problema se repete na represa Billings, também responsável pelo abastecimento de São Paulo. Esse manancial é destino final das águas poluentes que são bombeadas dos rios Tietê e Pinheiros para manter seu curso.
A alternativa foi trazer água de uma bacia hidrográfica vizinha, a do rio Piracicaba-Jundiaí-Capivari, que abastece a metade da metrópole paulistana. Isso acabou gerando uma disputa regional. No total, 58 municípios compartilham esse manancial, e a solução foi criar o Banco das Águas, um acordo que estabelece cotas de captação para a região metropolitana de São Paulo (31 metros cúbicos por segundo) e para o conjunto dos municípios da região de Piracicaba (5 metros cúbicos por segundo). Nesse sistema, tanto um lado como o outro podem ir além desses limites como compensação, caso tenha retirado menor quantidade de água em períodos anteriores. 

DEMOCRATIZAÇÃO DA ÁGUA
Essa política de uso das águas foi definida por um comitê, formado em 1993, para acabar com a briga sobre quem tinha direito a que nessa bacia hidrográfica. Esse modelo, pioneiro no Brasil, inspirou quatro anos depois a Lei das Águas, dando a possibilidade de criar em nível nacional um sistema que harmonizasse os diversos usos dos mananciais – geração de energia, abastecimento da população e irrigação de cultivos. A Agência Nacional de Águas é o órgão do governo federal responsável pela gestão dos recursos hídricos no país. Esse trabalho é conduzido em parceria com os Comitês de Bacia, que se espalharam no Brasil, após a nova legislação. Os comitês reúnem representantes da sociedade civil em cada região para sugerir iniciativas para preservar os rios e evitar conflitos.
A atual legislação reconhece os vários usos para a água e determina que a prioridade seja sempre para o abastecimento humano e animal.
O Brasil tem 89,1% da população urbana com acesso a redes de distribuição de água. Nas residências rurais, a situação é menos confortável: só 17% são atendidas. O uso doméstico e industrial corresponde hoje a 30% de todo o consumo do país. O setor que mais utiliza recursos hídricos é a agricultura, com 70% do consumo. 


MELHORAR O USO
Um dos meios para equilibrar essas necessidades é a cobrança pelo uso dos rios por indústrias e outros agentes econômicos. Criado a partir da Lei das Águas, o sistema é aplicado nas bacias dos rios Piracicaba-Jundiaí-Capivari e do Paraíba do Sul, e há projetos para o início da cobrança em outras regiões. Como resultado, para diminuir custos, muito indústrias cortou o consumo pela metade. Associado a isso, reduzir o desperdício é uma das medidas para preservar mananciais. Outras iniciativas são o reuso de água por indústrias e a reciclagem de esgoto para irrigar jardins e lavar ruas.
O grande problema de água do Brasil é, sobretudo, seu mau uso. Em razão de uma rede de distribuição obsoleta, avariada e insuficiente para atender a população, 40% de toda a água encanada se perde. Além disso, mais da metade dos municípios brasileiros ainda não têm rede de esgoto, o que reduz a água potável disponível para o consumo da população.

AGUAS SUBTERRÂNEAS
Uma importante fonte potencial de abastecimento são as águas subterrâneas, aquelas que ocupam os espaços existentes entre as rochas do subsolo e se movem pelo efeito da força da gravidade. Seu volume é calculado em cerca de 100 vezes mais do que o das águas doces superficiais (rios, lagos, pântanos, água atmosférica e umidade do solo). No território brasileiro, as reservas de águas subterrâneas em aqüíferos são estimadas em 112 trilhões de metros cúbicos, e o mais importante deles é o Aqüífero Guarani.
Trata-se da principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e ocupa 1,19 milhões de quilômetros quadrados. Esse aqüífero se estende pelo subsolo de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e por partes do território do Uruguai, do Paraguai e da Argentina. Uma camada de rocha basáltica retém as águas e as protege de contaminação. Pelos atuais estudos, o Aqüífero Guarani tem armazenado 45 trilhões de metros cúbicos de água, dos quais 160 bilhões são extraídos por ano para diversos fins. No momento, ainda é pouco usado para esse fim, embora haja poços artesianos que captem suas águas. Em pontos nos quais chega mais perto da superfície, já está sofrendo ameaças de contaminação.

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