domingo, 30 de março de 2014

A INFLUÊNCIA DA ARTE DAS PESSOAS AFRICANAS NA ARTE MODERNA

A INFLUÊNCIA DA ARTE DAS PESSOAS AFRICANAS
NA ARTE MODERNA
SOUZA, Vera Lúcia Pereira de.


              A arte moderna e atual africana demanda uma validação constante neste início de novo milênio, com os novos artistas de pessoas africanas a verem a sua obra avaliada pelos antigos conquistadores europeus. Influenciada pela visão europeia, a arte moderna africana anseia a uma metodologia própria, se aceite, embora, as suas raízes europeias, não só no aspecto plástico como também no da própria concepção dos criadores africanos. Esta influência não deixa de ter um duplo sentido, uma vez que a arte moderna europeia é influenciada pela antropologia africana. Depois de um vagaroso desenvolvimento durante o colonialismo, a independência e a liberdade consentiram que os artistas africanos pensassem a respeito das transformações sociais, políticas e culturais dos seus países.
              Assim, o pós-independência testemunhou a aparição de artistas surgidos de workshops realizados, na sua maior parte, por dinamizadores culturais e por críticos. As escolas de belas-artes estimularam os seus alunos, muitos dos quais já antes tinham começado na arte moderna europeia, a admirar as artes plásticas da África a sua expressividade e sofisticação formal, uma maneira de garantirem a sua identidade africana.
              Com a liberdade social conquistada, a independência demonstra-se na liberdade do artista de eleger a voz com que há de falar e o público a que se dirigir. No campo das artes plásticas nos países africanos de expressão portuguesa, Angola destaca-se por autores como Viteix[1] (já falecido), Zan[2], Telmo Vaz Pereira[3] (consagra-se, totalmente, às artes plásticas desde 1987 e já exibiu, tanto em mostras individuais como coletivas, em Paris, onde habitou no final da década de 80), António Olé[4] (vive em Luanda, aonde divide as suas atividades entre a pintura, a escultura e o cinema, expôs “Hidden Pages, Stolen Bodies”, na Holanda, em 2001), Jorge Gumbe[5] (compartilha entre Portugal e Inglaterra, onde vive e estuda; em Luanda foi diretor da Escola Média de Artes Plásticas; já expôs em coletivas na Europa, Canadá e Japão), Van[6] e Eleutério Sanches[7] (monitor e professor de Artes, já expôs pintura e serigrafia em coletivas em Espanha e em individuais na Europa e Japão).
              A música, também, é uma das manifestações culturais por excelência dos países africanos de expressão portuguesa. Bastante presente na vida das comunidades e parte integrante das comemorações familiares e sociais, bem como das solenidades. Em Cabo Verde, a Morna, música de saudade, a Coladeira e o Funáná, canções de humor, alegria e sensualidade, a Tabanca, percussão repetitiva, o Pilão, percussão de tambores e pilões e o Finaçon, do período da escravatura, reproduzem a riqueza da música local[8].
              Assim, nem só nas artes plásticas brilharam os artistas negros. Na música até hoje se destacam. Costuma-se reduzir a influência musical africana, somente, aos ritmos, por meio da percussão de tambores. Com isso deixamos de lado a memória das orquestras formadas por escravos instrumentistas[9].

MEU IRMÃO BRANCO[10]

Quando eu nasci, eu era negro.
Quando cresci, eu era negro.
Quando estou com medo, eu sou negro.
Quando eu morrer, eu serei negro.
Quando eu vou ao sol, eu sou negro.
E você Homem Branco?
Quando você nasceu, era rosa.
Quando você cresceu, era branco.
Quando você vai ao sol, fica vermelho.
Quando você fica com frio, fica roxo.
Quando você fica com medo, fica amarelo.
Quando fica doente, fica verde.
Quando você morrer, ficará cinza.
Você ainda tem o topete de me chamar de Homem de Cor, depois de tudo isso, Homem Branco?
Texto: Autoria desconhecida.





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