domingo, 30 de março de 2014

A PESSOA IDOSA NA SOCIEDADE AFRICANA E NOSSO PAÍS BRASIL

A PESSOA IDOSA NA SOCIEDADE AFRICANA E NOSSO PAÍS BRASIL
SOUZA, Vera Lúcia Pereira de


              “Quando morre um idoso, é como que se queimasse uma biblioteca[1] - Este antigo ditado africano expõe bem o valor que tem o idoso na sociedade tradicional africana. A pessoa idosa, com sua sabedoria adquirida nos seus muitos anos de vida, torna-se o guardião e o principal transmissor dos valores da cultura legada dos seus ancestrais.
              Infelizmente muito desigual aqui no nosso País Brasil, na cultura ocidental contemporânea, onde a pessoa idosa não tem seu valor reconhecido. Joga-se fora o conhecimento e a experiência de toda uma vida, em barganha da habilidade comprovada com o iPhone.
              Contudo, prosseguindo com a cultura tradicional africana em relação ao respeito e valorização a pessoa idosa, onde a transferência de conhecimento pela oralidade é um fato histórico, é ele o responsável por manter viva a tradição, seja por meio de contos, provérbios ou lendas que se referem aos fatos e tradições antigas.  
              Para eles é mais do que simplesmente instruir ou informar, é ligar o passado ao presente, e os vivos aos ancestrais, transmitindo a sabedoria destes e formando, assim, uma ligação vital. Aos mais velhos é dado, também, o poder de decisões de diversos tipos de problemas da comunidade, seja de ordem religiosa, politica, curativa ou qualquer tipo de discordâncias. Isso, porquanto, para a pessoa africana é o passado que dá significado ao presente, e o futuro ainda não existe.
              Os ancestrais são muito venerados, e na fé popular, confia-se que as pessoas idosas que tiveram uma boa morte e um funeral honrado de sua reputação, permanecem intervindo no mundo dos vivos para socorrer, resguardar e proteger os moradores da comunidade.
              Falecer jovem ou matar-se não é sinal de uma boa morte. Boa morte é falecer idoso, e outro ditado africano explana bem essa fé: “A morte do idoso não estraga a morte[2], ou seja, a morte não é ruim quando se conviveu muitos anos e se adquiriu sabedoria.
              O nosso País Brasil, que herdou tantas coisas boas e brilhantes da cultura africana, infelizmente, não herdou esse reverência e valorização as pessoas idosas, e por mais que se façam políticas públicas que afiancem os direitos da chamada “terceira idade”[3], se cada uma das pessoas não se permitir aperfeiçoar neste aspecto, estes direitos não serão ressaltados na prática.
              O fato é que aqui, a pessoa idosa é tida como uma doença crônica, como uma decadência inevitável.  Existe o preconceito de que o envelhecimento torna as pessoas idosas, ociosas, fracas e inúteis. Todos desejam viver muito, e se vive mesmo cada vez mais, mas, nenhuma pessoa quer ficar envelhecida, ou senil, como queiram, ou melhor, não desejem.
              Enquanto nosso País Brasil se privilegia a mocidade, lá, na África, especialmente, nas sociedades mais clássicas, o respeito ao idoso está unido com a visão recorrente da vida, e a senilidade, diferentemente do que acontece aqui no nosso País, é uma etapa ambicionada por todos.
              No nosso país Brasil é comemorado do dia da Pessoa Idosa é 1º de outubro. Que, nesse ano de 2013, festejemos então as melhorias políticas que tivemos nesta área, mas, mais do que isto, que agrupemos este respeito em nosso dia-a-dia, instruindo aos nossos filhos algo que as pessoas africanas instruem aos deles: Reverenciar para escutar; escutar para instruir-se.



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