A PESSOA IDOSA NA SOCIEDADE AFRICANA E
NOSSO PAÍS BRASIL
SOUZA, Vera Lúcia Pereira de
“Quando
morre um idoso, é como que se queimasse uma biblioteca”[1] - Este antigo ditado
africano expõe bem o valor que tem o idoso na sociedade tradicional africana. A
pessoa idosa, com sua sabedoria adquirida nos seus muitos anos de vida,
torna-se o guardião e o principal transmissor dos valores da cultura legada dos
seus ancestrais.
Infelizmente muito desigual
aqui no nosso País Brasil, na cultura ocidental contemporânea, onde a pessoa
idosa não tem seu valor reconhecido. Joga-se fora o conhecimento e a
experiência de toda uma vida, em barganha da habilidade comprovada com o
iPhone.
Contudo, prosseguindo
com a cultura tradicional africana em relação ao respeito e valorização a
pessoa idosa, onde a transferência de conhecimento pela oralidade é um fato
histórico, é ele o responsável por manter viva a tradição, seja por meio de
contos, provérbios ou lendas que se referem aos fatos e tradições antigas.
Para eles é mais do
que simplesmente instruir ou informar, é ligar o passado ao presente, e os
vivos aos ancestrais, transmitindo a sabedoria destes e formando, assim, uma ligação
vital. Aos mais velhos é dado, também, o poder de decisões de diversos tipos de
problemas da comunidade, seja de ordem religiosa, politica, curativa ou
qualquer tipo de discordâncias. Isso, porquanto, para a pessoa africana é o
passado que dá significado ao presente, e o futuro ainda não existe.
Os ancestrais são
muito venerados, e na fé popular, confia-se que as pessoas idosas que tiveram
uma boa morte e um funeral honrado de sua reputação, permanecem intervindo no
mundo dos vivos para socorrer, resguardar e proteger os moradores da
comunidade.
Falecer jovem ou matar-se
não é sinal de uma boa morte. Boa morte é falecer idoso, e outro ditado
africano explana bem essa fé: “A morte do idoso não estraga a morte”[2], ou seja, a morte não é
ruim quando se conviveu muitos anos e se adquiriu sabedoria.
O nosso País Brasil,
que herdou tantas coisas boas e brilhantes da cultura africana, infelizmente,
não herdou esse reverência e valorização as pessoas idosas, e por mais que se
façam políticas públicas que afiancem os direitos da chamada “terceira idade”[3], se cada uma das pessoas
não se permitir aperfeiçoar neste aspecto, estes direitos não serão ressaltados
na prática.
O fato é que aqui, a
pessoa idosa é tida como uma doença crônica, como uma decadência inevitável.
Existe o preconceito de que o envelhecimento torna as pessoas idosas, ociosas,
fracas e inúteis. Todos desejam viver muito, e se vive mesmo cada vez mais, mas,
nenhuma pessoa quer ficar envelhecida, ou senil, como queiram, ou melhor, não desejem.
Enquanto nosso País
Brasil se privilegia a mocidade, lá, na África, especialmente, nas sociedades
mais clássicas, o respeito ao idoso está unido com a visão recorrente da vida,
e a senilidade, diferentemente do que acontece aqui no nosso País, é uma etapa ambicionada
por todos.
No nosso país Brasil
é comemorado do dia da Pessoa Idosa é 1º de outubro. Que, nesse ano de 2013, festejemos
então as melhorias políticas que tivemos nesta área, mas, mais do que isto, que
agrupemos este respeito em nosso dia-a-dia, instruindo aos nossos filhos algo
que as pessoas africanas instruem aos deles: Reverenciar para escutar; escutar
para instruir-se.
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