AS
PESSOAS AFRICANAS NA CULTURA BRASILEIRA
SOUZA,
Vera Lúcia Pereira de.
No encontro dos povos africanos com a sociedade
europeia, desconheceu as especificidades de cada etnia, os denominava
genericamente de “negros”. Porém, as pessoas africanas estavam divididas em
diversos territórios étnicos. Cada pessoa africana se reconhecia como Fanti,
Ashanti, Peul, Mandinga, Fulani, Zulu, e assim por diante[1].
Esses vários tipos de pessoas africanas, dessas
múltiplas “áfricas” não foram trazido para um único Brasil. As heterogeneidades
regionais e os múltiplos tipos de atividades econômicas, em que as pessoas
africanas foram introduzidas, demandam que todos estudioso fique atento para o
fato de que a própria experiência da escravidão foi plural.
Ao repassarmos os pontos em comum da presença da pessoa
africana em todo o nosso país Brasil. Notamos que o principal ambiente ocupado pelas
pessoas africanas foi o ambiente do trabalho. Em consequência da escravidão[2]
das pessoas negras o trabalho braçal passou por um procedimento de
desqualificação, de menosprezo na sociedade brasileira.
Nem todas as pessoas africanas trabalharam nos eitos
das fazendas de açúcar, tabaco, café, nas minas ou na criação do gado. Teve
aqueles que foram ilustres artesões, artistas, instrumentistas.
Para entendermos melhor podemos lembrar-nos do mestre
Aleijadinho[3]
(Antônio Francisco Lisboa) que foi autor de esculturas e fachada de igrejas
barrocas nas cidades de Saberá, Ouro Preto, Congonhas do Campo em Minas Gerais.
Mestre Valentim
Fonte: <http://www.marataizes.com.br/noticias/imagens/img_noticias/3ff90acbdd0aeeb13ee9306079ed34bc.JPG>
Tão importante quanto Aleijadinho em Minas Gerais foi o
Mestre Valentim[4] um
escultor, cujas obras se encontram em igrejas ou parques da cidade do Rio de
Janeiro. Ambos são filhos de mãe africana e pai português.
Não só nas artes plásticas brilharam os artistas
negros. Na música até atualmente se sobressaem. Costuma-se restringir a
influência musical das pessoas africanas somente aos ritmos, por meio da
percussão de tambores. Com isso deixamos de lado a memória das orquestras
constituídas por pessoas escravas instrumentistas.
Em meio a tantas influências das pessoas africanas que,
se recriaram em nosso país, a música é, seguramente, um dos campos onde as
referências africanas surgem de maneira significativa.
Das múltiplas manifestações musicais os cantos do
congado, jongo, capoeira e no samba tradicional, pagode ou partido alto. A
essas revelações musicais brasileiras vinculamos outras manifestações que
chegam de fora como rap, soul, gospel, funk, rock, pop, house, dance,
spiritual, reggae. A musicalidade somando-se a energia da oralidade das pessoas
africanas manifesta-se na força das formas improvisadas de cantar, fazendo
versos como na embolada, no repente e nas trovas. A música dificilmente aparece
sozinha, pois, normalmente está acompanhada do gingado, do rebolado, do corpo
que dança. O interprete não deve, somente, produzir sons; deve movimentar
coordenadamente sua cabeça, seus membros e pernas. A dança para as pessoas
africanas não está limitada a um período separado da vida, ela acompanha as
pessoas nos cerimoniais, no trabalho, nas honrarias. Cada grupo étnico se
identifica com determinados tipos de dança[5].
Ao resguardarem as raízes das pessoas africanas, seus
descendentes ocupam um espaço numa sociedade complexa e multicultural como a
nossa. Procurar uma identidade diferenciada é, também, ser mais brasileiro.
Assumir a beleza estética que veio dos ancestrais é uma forma de resistência e
de pertencimento. É conquista de cidadania.
[2] Disponível em:
[3] Disponível em:
[4] Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/mestre-valentim/>.
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