domingo, 30 de março de 2014

RACISMO NO ESPAÇO SOCIAL E EDUCACIONAL

RACISMO NO ESPAÇO SOCIAL E EDUCACIONAL
SOUZA, Vera Lúcia Pereira de.

             
              Sobre os ombros da escola são colocados esperança da sociedade cada vez maior. Hoje em dia a escola encontra-se envolvida com inúmeras obrigações que variam de orientação para o trânsito, orientação sexual, preservação do meio ambiente, distribuição de alimentos, prevenção ao uso de drogas, cultura da paz, respeito e direitos das pessoas com deficiência, e assim por diante.

              Por ser um dos primeiros ambientes de convivência, na escola, experimenta-se, desde muito cedo, os valores morais como respeito, tolerância, a solidariedade, a justiça, a honestidade, a compreensão que são de forma continua evocados pelos educadores junto aos seus educandos.

              Trabalhar esses valores, não são, apenas, conteúdos ou temas aprendidos, mas, parâmetros de atuação e reflexão ante as situações advindas ou que podem vir a ocorrer.

              Existem circunstancias, por exemplo, ainda, na educação infantil, em que uma criança vem queixar-se a educadora ou educador que outra criança a está maltratando, até mesmo, xingando de “negro” e/ou “negra”. Ante a esse acontecimento o educador, simplesmente, responde que isso não é xingamento, pois, ela realmente é uma pessoa negra e que ser pessoa negra é bonito. Com isso termina se esquivando de atuar em pró ativamente, pois, no contexto social, todos nós sabemos o significado implícito nesta expressão. Assim, segundo a pesquisadora Elaine dos Santos Cavalleiro[1]: “há uma ausência de preocupação com a convivência multirracial no interior da pré-escola, o que colabora intensamente para construção de indivíduos preconceituosos e discriminadores. Tal fato leva inúmeras crianças e adolescente a cristalizarem aprendizagens baseadas, muitas vezes, no comportamento acrítico dos adultos à sua volta”.

              Romper com o ciclo de atitudes preconceituosa ou simplesmente acrítico e sem compromisso, envolve comportamentos simples no dia a dia escolar de grande alcanço na edificação dos valores de todos os educandos e, principalmente, na introjeção de uma autoimagem positiva dos educandos negros.

              Não obstante da nossa Carta Magna Brasileira[2] que, define que todas as pessoas são iguais ante a lei e dessa, interpretamos que todas as pessoas têm o direito de se verem representados historicamente, infelizmente, as práticas demonstram o contrário.

              É necessário lembrar que faz parte do ideário da escola e da sociedade em geral, fazer a transformação social e atuar pró ativamente na formação da identidade possível e que não faltam momento para a apreciação e discussão crítica e contextualizada da realizada, utilizando para isso textos e imagens. Assim, a escola e a sociedade, necessitam estar atentos e cuidadosos em relação às escolhas feitas para a prática pedagógica e prática social, pois, as nossas atuações transcendem o planejamento.

              Acredito que as diferenças socioeconômicas é que causam a exclusão e confirmam a ausência de oportunidade e não a falta de capacidade ou competência de qualquer pessoa.

              Temos que ter cuidado com uma pedagogia que, somente, organiza eventos, tais como: “Dia Disso”, “Dia Daquilo”, “Espaço na Feria do Conhecimento”. Os projetos e eventos da escola e da sociedade, só têm eficácia quando transformados em uma ponta de lança que se incorpora no dia a dia escolar e da sociedade.
              Assim, devemos analisar, criteriosamente, as imagens empregadas pela escola e a sociedade em relação às pessoas negras e também em relação as heterogeneidades étnicas. Seja no livro escolar ou nos cartazes é imprescindível estarmos atentos, para não reproduzirmos a ideia da África ou das pessoas negras, somente, em circunstâncias negativas.

              A falta de um grande conhecimento na área afrodescendente, não deve ser desculpa para ficarmos no imobilismo. Trata-se de um desafio de pesquisa e estudo do educador. Fazermos leituras de paradidáticos que trabalhem com histórias, mitologias e heróis de origem afrodescendente.

              Acredito ainda que, o princípio norteador das nossas atuações, na escola e na sociedade, é a busca pelas semelhanças e diferenças, como um sinal de equidade. Heterogeneidade não constitui inferioridade.



SUGESTÃO DE LIVRO


LIVRO DIVERSIDADE



Diversidade – Tatiana Belinky. Quinteto Editoria – 1999. Livro voltado, em especial, par ao público infantil, com ilustrações de FÊ e textos em forma de poesia, a autora destaca diferenças entre as pessoas e enfatiza que, não há um único jeito de ser. Mas, diz ela, não basta reconhecer que as pessoas são diferentes, é necessário respeitar as diferenças.

  
SUGESTÃO DE FILME

 KIRIKU E A FEITICEIRA



Sinopse e detalhes[3]
Na África Ocidental, nasce um menino minúsculo, cujo tamanho não alcança nem o joelho de um adulto, que tem um destino: enfrentar a poderosa e malvada feiticeira Karabá, que secou a fonte d'água da aldeia de Kiriku, engoliu todos os homens que foram enfrentá-la e ainda pegou todo o ouro que tinham. Para isso, Kiriku enfrenta muitos perigos e se aventura por lugares onde somente pessoas pequeninas poderiam entrar.
             




[1] CAVALLEIRO, Eliane. Educação pré-escolar: o início do fim da intolerância. In: UNB. Centro de Educação à Distância. Educação Africanidades Brasil. Brasília: UnB/CEAD, 2006. p. 227- 235.

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