MULHERES
NEGRAS: ESTRELAS COM LUZ PRÓPRIA
SOUZA,
Vera Lúcia Pereira de.
As mulheres negras desde, o período colonial, sofreram
duplamente: por serem mulheres e por serem mulheres negras.
Ao longo da história foram retratadas pelos
historiadores, contistas, trovadores como meras serviçais, perfeitamente
adaptadas aos trabalhos mais humilhantes ou como promíscuas libidinosas
amantes.
As reproduções da sociedade a tinham nas duas
extremidades a “mãe-preta” e a “mulata fogosa”.
Mulheres brancas e mulheres negras na sociedade
patriarcal colonial tomavam caminhos desiguais no Brasil. Mesmo quando em
condições trabalhosas, as mulheres brancas, das classes menos favorecidas,
conseguiam estar acima de outro segmento: as mulheres negras escravas. Naquela
sociedade o trabalho era visto como aviltante. Qualquer pessoa que trabalhava,
como escrava, era vista com desprezo. (MOURA, 2004).
Restava para a mulher negra todo tipo de trabalho: na
mineração, na agricultura, nas casas, nas oficinas artesanais e no comércio.
Por aí, mesmo sendo numericamente inferiores aos homens, pode-se estimar a
importância do trabalho da mulher negra. Naquele mundo colonial as mulheres
negras foram as primeiras e durante muito tempo, as únicas trabalhadoras.
Muitas delas se desfiguravam de tanto transportar peso. (MOURA, 2004).
Outra possibilidade de lucro que a mulher negra
oferecia a seus senhores e senhoras era a exploração sexual. Para que pudessem
circular a noite sem serem perturbadas pela guarda levavam consigo bilhetes
redigidos por seus senhores, dizendo que estavam indo em busca de médico ou
entregar algum recado. O importante era que ao final da noite pudessem retornar
com 4 mil réis aproximadamente. (MOURA, 2004).
Uma outra desvantagem da mulher negra era não poder
contar com a proteção do homem negro, devido a sua condição de escravo cativo.
Por outro lado, deste processo surgiam mulheres negras capazes de cuidar de si
e de suas famílias. Se por um lado havia a indigência e a humilhação, por outro
lado surgiu um tipo de independência e autonomia. É o que alguns autores
nomearam como “matriarcado da miséria”. (MOURA, 2004).
SUGESTÃO
DE FILME: XICA DA SILVA
Disponível em: http://br.web.img2.acsta.net/r_160_240/b_1_d6d6d6/medias/nmedia/18/90/37/89/20093795.jpg
RESUMO[1]
O filme enfoca a trajetória de
Xica da Silva, que de pessoa escrava, tornou-se a primeira dama negra de nossa
história, atraindo o milionário contratador de diamantes João Fernandes de
Oliveira.
Promovendo esplêndidas festas e
jantares, e expondo grupos de teatro europeu, que se exibiam nas salas de sua
gigantesca casa, Xica da Silva ficou conhecida até na corte portuguesa.
A ostentação abrangeu aspectos
surrealistas, quando João Fernandes de Oliveira contentou a caprichosa vontade
de sua amante, de fazer uma viagem marítima sem sair da região, construindo um
lago artificial e uma caravela conduzida por uma tripulação de dez homens.
Filme disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=TNCSrAFSFpQ>.
SUGESTÃO
DE LIVRO: MANDINGAS DA
MULATA VELHA NA CIDADE NOVA
Disponível em:
O livro "Mandingas da mulata
velha na Cidade Nova" é uma pequena pérola. Trata de um lugar e de um
tempo mitológico do Rio de Janeiro.
De um tempo e de um lugar onde a
cidade verdadeira foi fundada: Cidade Nova, Pedra do Sal, Pequena África, entre
1870 e 1930.
Foi à gente dessa época e desse
lugar que instituiu o Rio de Janeiro moderno, que deu ao conceito de carioca sua
feição definitiva. O romance fala de figuras históricas e simultaneamente
lendárias, como João Cândido, Sinhô, Assumano Mina do Brasil, André Rebouças,
dom Obá, José do Patrocínio; fala dos ranchos carnavalescos e da festa da
Penha; de negros altivos e articulados, conhecedores das suras do Alcorão e da
química das folhas; fala da Abolição e da república; fala de capoeiras e da
revolta da Vacina; e fala principalmente de uma velha tia baiana, arquétipo das
velhas tias baianas às quais o Rio de Janeiro deve muito da sua identidade.
Disponível
em: <http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/4086668/mandingas-da-mulata-velha-na-cidade-nova>.
REFERÊNCIA
MOURA, C. Dicionário da Escravidão Negra no Brasil. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2004. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=6Zcz0fIj91cC&printsec=frontcover&hl=pt-BR>.
Acesso em: 15 ago. 2013.
[1] Disponível em: <http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=301>.
Acesso em: 16 ago. 2013.
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