domingo, 30 de março de 2014

MULHERES NEGRAS: ESTRELAS COM LUZ PRÓPRIA

MULHERES NEGRAS: ESTRELAS COM LUZ PRÓPRIA

SOUZA, Vera Lúcia Pereira de.


              As mulheres negras desde, o período colonial, sofreram duplamente: por serem mulheres e por serem mulheres negras.
              Ao longo da história foram retratadas pelos historiadores, contistas, trovadores como meras serviçais, perfeitamente adaptadas aos trabalhos mais humilhantes ou como promíscuas libidinosas amantes.
              As reproduções da sociedade a tinham nas duas extremidades a “mãe-preta” e a “mulata fogosa”.
              Mulheres brancas e mulheres negras na sociedade patriarcal colonial tomavam caminhos desiguais no Brasil. Mesmo quando em condições trabalhosas, as mulheres brancas, das classes menos favorecidas, conseguiam estar acima de outro segmento: as mulheres negras escravas. Naquela sociedade o trabalho era visto como aviltante. Qualquer pessoa que trabalhava, como escrava, era vista com desprezo. (MOURA, 2004).
              Restava para a mulher negra todo tipo de trabalho: na mineração, na agricultura, nas casas, nas oficinas artesanais e no comércio. Por aí, mesmo sendo numericamente inferiores aos homens, pode-se estimar a importância do trabalho da mulher negra. Naquele mundo colonial as mulheres negras foram as primeiras e durante muito tempo, as únicas trabalhadoras. Muitas delas se desfiguravam de tanto transportar peso. (MOURA, 2004).
              Outra possibilidade de lucro que a mulher negra oferecia a seus senhores e senhoras era a exploração sexual. Para que pudessem circular a noite sem serem perturbadas pela guarda levavam consigo bilhetes redigidos por seus senhores, dizendo que estavam indo em busca de médico ou entregar algum recado. O importante era que ao final da noite pudessem retornar com 4 mil réis aproximadamente. (MOURA, 2004).
              Uma outra desvantagem da mulher negra era não poder contar com a proteção do homem negro, devido a sua condição de escravo cativo. Por outro lado, deste processo surgiam mulheres negras capazes de cuidar de si e de suas famílias. Se por um lado havia a indigência e a humilhação, por outro lado surgiu um tipo de independência e autonomia. É o que alguns autores nomearam como “matriarcado da miséria”. (MOURA, 2004).

  
SUGESTÃO DE FILME: XICA DA SILVA



RESUMO[1]

              O filme enfoca a trajetória de Xica da Silva, que de pessoa escrava, tornou-se a primeira dama negra de nossa história, atraindo o milionário contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira.
              Promovendo esplêndidas festas e jantares, e expondo grupos de teatro europeu, que se exibiam nas salas de sua gigantesca casa, Xica da Silva ficou conhecida até na corte portuguesa.
              A ostentação abrangeu aspectos surrealistas, quando João Fernandes de Oliveira contentou a caprichosa vontade de sua amante, de fazer uma viagem marítima sem sair da região, construindo um lago artificial e uma caravela conduzida por uma tripulação de dez homens.

SUGESTÃO DE LIVRO: MANDINGAS DA MULATA VELHA NA CIDADE NOVA


Disponível em:

              O livro "Mandingas da mulata velha na Cidade Nova" é uma pequena pérola. Trata de um lugar e de um tempo mitológico do Rio de Janeiro.
              De um tempo e de um lugar onde a cidade verdadeira foi fundada: Cidade Nova, Pedra do Sal, Pequena África, entre 1870 e 1930.
              Foi à gente dessa época e desse lugar que instituiu o Rio de Janeiro moderno, que deu ao conceito de carioca sua feição definitiva. O romance fala de figuras históricas e simultaneamente lendárias, como João Cândido, Sinhô, Assumano Mina do Brasil, André Rebouças, dom Obá, José do Patrocínio; fala dos ranchos carnavalescos e da festa da Penha; de negros altivos e articulados, conhecedores das suras do Alcorão e da química das folhas; fala da Abolição e da república; fala de capoeiras e da revolta da Vacina; e fala principalmente de uma velha tia baiana, arquétipo das velhas tias baianas às quais o Rio de Janeiro deve muito da sua identidade.

REFERÊNCIA

MOURA, C. Dicionário da Escravidão Negra no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=6Zcz0fIj91cC&printsec=frontcover&hl=pt-BR>. Acesso em: 15 ago. 2013.




[1] Disponível em: <http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=301>. Acesso em: 16 ago. 2013.

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