RELIGIOSIDADE
AFRO-BRASILEIRA
SOUZA,
Vera Lúcia Pereira de.
Um dos aspectos centrais da vida das pessoas africanas
e de seus descendentes no Brasil foi o jeito como sustentaram contato com as
entidades sobrenaturais, espíritos, deuses e ancestrais. Os vínculos de
solidariedade, as comunidade e identidades se edificaram em torno da religião.
Pela perseguição que sofreram e que se acha escrita nos
autos do Tribunal do Santo Ofício[1]
ou nos Boletins de ocorrência feitos pela polícia, temos um volume de
informações a respeito das práticas religiosas bem maiores do que sobre outros
aspectos da vida das pessoas africanas. Contudo, precisamos sempre levar em
conta que são fontes produzidas, exatamente, por quem fazia perseguição.
Outro fato da dificuldade para compreendermos as
religiões Afro-brasileiras é o fato de não estarem fundamentadas em livros
sagrados e serem transmitidas oralmente. (MARÇAL, 2013).
Segundo o professor Vagner Gonçalves Silva[2]
do departamento de antropologia da Universidade de São Paulo, as pessoas tem
dificuldade em compreender as crenças de ascendência africana, porque elas são
diferentes do padrão oficial da religiosidade. A carga de preconceito aumenta
porque nelas ocorre o transe, o sacrifício de animais e o culto de espíritos.
Essas particularidades acabam sendo agregadas com magia negra, vista como
crendice de gente ignorante ou, pior ainda, como métodos demoníacos.
Não obstante as religiões constituam um sistema de
práticas e crenças referentes a um mundo invisível, divulgam as experiências
sociais, politicas e econômica de cada espaço e período. Com as religiões
afro-brasileiras não são diferente. (MARÇAL, 2013).
As pessoas africanas eram batizadas[3]
já nos navios e ao desembarcarem no Brasil não era permitida nenhuma prática
que, a igreja relacionasse com magia. Isso sempre foi entendido como uma
revelação diabólica. Muitas pessoas africanas foram condenadas sob a acusação
de magia. O transe, por exemplo, era compreendido como possessão e o uso de
alimentos, animais e alguidares[4]
como bruxaria.
Os batuques nos terreiros eram tolerados, pois, sempre
havia a desculpa de que se tratava de uma homenagem aos santos católicos.
(MARÇAL, 2013).
Quanto às religiões afrodescendentes, fiz a pesquisa no município em que resido e não encontrei nenhuma Casa / Terreiro de Candomblé ou
de Umbanda.
SUGESTÃO
DE LIVRO
O
antropólogo e sua magia. Trabalho de campo e texto etnográfico nas pesquisas
antropológicas sobre as religiões afro-brasileiras[5].
São Paulo, EDUSP, 2005 (194 pp.).
RESUMO
O trabalho de campo, processo pelo
qual o antropólogo observa de perto a comunidade pesquisada para interpretá-la,
desempenha um papel fundamental na definição da antropologia como ciência da
alteridade ou da crítica cultural.
Neste livro analiso alguns
aspectos do trabalho de campo, enfocando principalmente a relação
observador-observado tal como esta se apresenta nos depoimentos dos
antropólogos e das pessoas por estes entrevistadas. Procuro, ainda, analisar a
produção dos textos etnográficos e suas consequências para os grupos
pesquisados.
O campo empírico de referência
para a discussão proposta é o das comunidades religiosas afro-brasileiras cujos
estudos, além de marcar uma vertente inaugural da antropologia brasileira, têm
colocado certas questões relevantes como os limites entre observação e
participação e os múltiplos significados que as etnografias dessa área vêm
estabelecendo na legitimação ou transformação das tradições religiosas em consequência
do contato e alianças existentes entre o universo da academia e dos terreiros.
SUGESTÃO DE FILME
FILME: CAFUNDÓ[6]
Cafundó enfoca a religiosidade como expressão do
mistério e do inexplicável. É uma mistura dos diferentes universos, linguagens,
tradições e fatos históricos que compõem as raízes brasileiras com seu
sincretismo religioso e miscigenação de culturas. Rodado em locações de
belíssimo patrimônio natural e histórico nas cidades da Lapa, Ponta Grossa,
Paranaguá e Antonina no estado do Paraná e em São Paulo, é um filme exuberante
em suas imagens, roteiro, cenários e figurinos.
Sob a direção de Paulo Betti e Clóvis Bueno, reúne em
seu elenco talentos novos e consagrados da dramaturgia nacional, como Lázaro
Ramos, Leona Cavalli, Leandro Firmino da Hora, Alexandre Rodrigues, Francisco
Cuoco, Luís Mello, entre outros.
Filme disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=5JtCQJ2copw>.
REFERÊNCIA
MARÇAL,
J. A. As Produções Acadêmicas Sobre o
“Mito Da Democracia Racial” e as Desigualdades Raciais no Plano Estrutural:
Conceitos, Histórico e Análise das Ações Afirmativas. 2013. Disponível em: <http://www.cursos.nead.ufpr.br/mod/resource/view.php?id=140434>.
Acesso: 23 ag. 2013.
[1] Disponível em:
[2] Disponível em: <http://www.fflch.usp.br/da/vagner/livro1.html>.
[4] O Alguidares, especializado nos
pratos típicos da terra dos Orixás. Disponível em: <http://www.alguidares.com.br/quem-somos.php#.UhEbItLVAZ4>.
[5] Disponível em: <http://www.fflch.usp.br/da/vagner/livro3.html>.
[6] Disponível em: <http://www.cafundo.com.br/site.htm>.
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